A recente onda de violência no futebol português ganhou destaque com o caso de Matheus Reis, defesa do Sporting, que se viu envolvido numa polémica após um lance controverso na final da Taça de Portugal. A sua esposa, Jack Rodrigues, partilhou nas redes sociais mensagens ameaçadoras que receberam, revelando um lado sombrio da paixão pelo futebol. “Espero que abortes e que ele te mate, sua porca”, “Cuidado que aqui nos viola, fica atenta a andar na rua” e “P*** macada protege o teu filho” são alguns dos conteúdos alarmantes que expuseram a gravidade da situação. Essas ameaças não só colocaram a família de Reis em risco, como também ressaltaram o papel do desporto na incitação à violência entre adeptos.

Além das ameaças direcionadas a Matheus Reis e à sua família, o clube Benfica também se viu envolvido em controvérsias. Apresentou queixa contra quatro jogadores do Sporting, incluindo Reis, por incitamento à violência. A situação surgiu após os festejos dos jogadores do Sporting, que incluíram provocações e gestos desrespeitosos. Entre as declarações que causaram alvoroço está a frase: “Aqui a gente pisa na cabeça”, que ecoou nas redes sociais, provocando a indignação do Benfica, que agiu rapidamente.

A tensão entre clubes

Entretanto, a tensão continua a subir entre os clubes. “Notícia para boi dormir”, comentou Nuno Lobo, ex-candidato à presidência do FC Porto, referindo-se à ameaça de interdição do Estádio da Luz em retaliação aos protestos do Benfica contra a arbitragem na final. O ex-dirigente acredita que os clubes que ameaçam ação nunca serão penalizados: “Arriscam, arriscam, arriscam porque provavelmente o salvo conduto da impunidade assim o permite, pois sabem que nunca serão penalizados”.

Essa complexa teia de relações entre clubes, árbitros e adeptos é um campo fértil para a rivalidade no futebol português, que muitas vezes se transforma em desrespeito e violência. A ação da Federação Portuguesa de Futebol não tardou a se fazer sentir, instaurando processos disciplinares contra Matheus Reis e outros jogadores por seu comportamento dentro e fora de campo. O Conselho de Disciplina da FPF afirmou: “Instauração de processo disciplinar a Matheus Reis Lima e Maximiliano Javier Araújo Vilches... tendo por objeto factos ocorridos no jogo da Final da Taça de Portugal”.

As repercussões sociais

Essas repercussões mostram que o futebol não é apenas um jogo, mas um reflexo das tensões sociais que permeiam a sociedade portuguesa. A crescente violência e a intimidação que envolvem jogadores e as suas famílias também não são novas no desporto. O caso de Matheus Reis é apenas mais um exemplo de como a paixão pelo futebol pode cruzar a linha do respeito, tornando-se em situações de veemência desmedida.

Os atletas são seres humanos que devem ser protegidos contra qualquer tipo de violência. Por isso, a mensagem que fica deve ser clara: o futebol deve ser um espaço de celebração e não de hostilidade. O comportamento das torcidas e a resposta dos clubes e autoridades serão cruciais para definir o futuro do desporto em Portugal.