Figuras marcantes da história do Tirsense, Paredão e Marcelo, partilham memórias e perspetivas sobre o próximo jogo contra o Benfica. Ambos jogaram juntos no Tirsense antes de se transferirem para o Benfica, o que lhes dá uma visão única sobre os dois clubes. O embate entre Tirsense e Benfica ganha contornos épicos, transportando para o relvado memórias de glórias passadas e a realidade de um presente desigual.
Com o Tirsense a militar na quarta divisão, o jogo assume a dimensão de um confronto entre David e Golias, onde a paixão e a história se cruzam num duelo que promete emoções fortes.
O Entusiasmo de Paredão
Paredão expressa o seu entusiasmo: “Faria tudo para poder estar no lugar dos jogadores!”
O antigo defesa analisa o momento do Benfica: “Estamos a falar de um Benfica recheado de internacionais, dois campeões do mundo. Há um know-how todo atrás de um Benfica competente que, depois de alguma turbulência com a troca de treinador e alguns equilíbrios emocionais ao longo da época, talvez se encontre no momento mais forte e menos desejável para o Tirsense.”
Sobre a possível estratégia do Benfica, Paredão acredita: “Acredito que o Benfica, com todo o respeito que o Tirsense merece, não apresentará uma equipa com a força que apresentou no Estádio do Dragão. De qualquer maneira, o plantel do Benfica, mesmo com alguns jogadores da equipa B, tem o poderio e qualidade de plantel acima da média para o nível de I Liga, quanto mais se falarmos ao nível em que o Tirsense se encontra neste momento.”
Paredão resume o confronto como: “Será inevitavelmente a velha frase do David contra o Golias, sem sombra de dúvida, só que será muito difícil para o David levar uma pedra de sobra no seu saquinho.”
A Memória de Marcelo
Marcelo recorda o último jogo entre as equipas: “Último jogo entre as equipas? Lembro-me de alguma coisa. O Benfica venceu 2-1 no antigo Estádio da Luz. O Rui Manuel marcou para o Tirsense, o João Pinto e o Dimas para o Benfica. Creio que fui titular nesse jogo!”
Marcelo oferece a sua perspetiva sobre o confronto atual: “Tendo em conta que o Tirsense está, neste momento, na quarta divisão e o Benfica na fase que está, a lutar para ser campeão e em primeiro lugar da Liga, há uma diferença abismal entre os clubes.”
Tempos Áureos e Realidade Atual
O antigo avançado relembra os tempos áureos do clube: “Não tem nada a ver com a situação dos anos 90, altura em que o Tirsense era o chamado tomba-gigantes na Taça e tinha equipas como foi a nossa em 94 ou 95. Uma equipa excelente, com muita qualidade, o que fazia com que ombreasse com os melhores clubes em Portugal. Agora já é um mérito excecional chegar às meias-finais. Sendo uma eliminatória a duas mãos, é uma tarefa quase impossível conseguir ir à final.”
O Apelo aos Adeptos
Marcelo mostra-se otimista quanto ao apoio dos adeptos: “Há alguns anos atrás, com a equipa na 4.ª divisão, o Tirsense colocava cinco, seis mil espetadores no Abel Alves de Figueiredo. Sendo um jogo contra o Benfica e um momento histórico pelo facto de uma equipa da 4.ª divisão estar pela primeira vez nesta fase da prova, os adeptos têm todos os motivos para estar presentes.”
A Carreira de Marcelo e a Passagem pelo Benfica
Recordando o seu percurso, Marcelo afirma: “Durante mais de metade da época, quase 20 jornadas, fui o melhor marcador da I Divisão, jogando num clube que tinha vindo da segunda. Isso era mérito meu, mérito da equipa, mérito do clube, mérito do treinador, o Eurico Gomes e, claro, isso acabou por marcar a minha carreira. Fez com que conseguisse dar o salto qualitativo para o Benfica.”
Sobre a sua passagem pelo Benfica, Marcelo recorda: “Cheguei numa altura em que havia uma instabilidade muito grande. Mudança de jogadores. Mais de metade do plantel saiu e mais de metade era novo. Eram jogadores que tinham acabado de chegar ao Benfica, muitos vindos de clubes de dimensão inferior, pouco adaptados ao grau de exigência de um clube como o Benfica.”
Marcelo detalha as dificuldades iniciais: “A fase inicial foi difícil. À terceira jornada, o Artur Jorge foi demitido, tendo ficado o Mário Wilson, que já era seu adjunto. Até novembro foram momentos difíceis para a equipa. Perdemos alguns pontos, atrasámo-nos na luta pelo título contra o FC Porto, mas a partir de 1996 a equipa começou a jogar melhor e eu comecei a fazer golos muito importantes.”
As Memórias de Paredão no Tirsense e Benfica
Paredão recorda com carinho os tempos no Tirsense: “Na altura, o Tirsense era uma equipa com algum prestígio na I Liga. Entrei num projeto de reestruturação com o objetivo de subida e o sucesso na II Divisão e aquela época que tivemos na primeira foi fabulosa... Andámos em 4º, 5º lugar e depois houve uma quebra.”
Paredão não esquece a importância do Benfica na sua carreira: “Toda a gente conhece o Benfica, não só em Portugal, na Europa e no mundo também. Acredito que o Chelsea de hoje seja um bocado mais comparativo com a competência do Benfica. Quando lá cheguei, em 99/2000, o Chelsea já era um clube com prestígio, mas não o da era moderna. Por isso mesmo, é a segunda maior aventura a seguir ao Benfica.”
Sobre a sua passagem pelo clube da Luz, Paredão lamenta: “O meu casamento com o Benfica não foi o mais florido, nem todos são. Mas guardo boas recordações e amizades. Sou extremamente bem recebido quando solicito algum trabalho de observação. É uma casa que me recebe sempre muito bem.”