O futebol português é repleto de memórias marcantes, e Sérgio Abreu não esquece os momentos emocionantes da sua primeira época ao serviço do Tirsense. Num jogo memorável em casa contra o Benfica, que terminou empatado a 1-1, Abreu recorda com emoção o seu golo inaugural, que permanece na sua memória. “São momentos que ficam na memória, sobretudo na minha primeira época de Tirsense. No jogo que nós fizemos em casa, empatámos 1-1 com o Benfica. Tinham Silvino, Valdo, Aldair… e nesse ano fiz o 1-0 e o César Brito, já no fim, empatou o jogo, num Abel Alves Figueiredo completamente cheio”
, afirmou Abreu, refletindo sobre os anos 90, um período vibrante para o futebol em Portugal.
A história recente das confrontações entre o Tirsense e o Benfica é repleta de curiosidades. Passaram-se mais de 29 anos desde o último confronto em que o Tirsense saiu sem derrota. Neste contexto, as duas equipas preparam-se para um novo embate na Taça de Portugal. Embora o Benfica tenha acumulado 20 vitórias sobre o Tirsense, o empate conseguido por Abreu em 1990 permanece como um feito memorável. “O golo? Não se esquece. Lembro-me bem. O Quim, que jogou no FC Porto e foi campeão europeu, marcou o canto. Só estávamos três na grande área, porque com o professor Neca… era preferível um ponto na mão do que dois a voar. Eu ganhei a bola ao Aldair ao primeiro poste, de cabeça, e a bola entrou na baliza. Foi um bom golo”
, revelou Sérgio, relembrando as emoções do passado.
Uma Recordação Especial com Sven-Göran Eriksson
O golo de cabeça de Sérgio Abreu, além de ser um momento de glória, também se tornou uma história importante na sua relação com Sven-Göran Eriksson, na altura treinador do Benfica. Ele recorda: “No fim do jogo, ficou para a história o empate e também uma interação com Sven-Göran Eriksson. Na altura não havia tantos jogos na televisão e só passavam três ou quatro minutos no Domingo Desportivo. E por acaso, ao fim do jogo, como tinha feito golo, pediram-me para falar. Eu estava a falar, passou o Eriksson para a flash interview, bateu-me nas costas e num português já completo disse: 'Parabéns miúdo, bom golo e continua assim'. Foi uma coisa que me ficou marcada. Depois, a carreira que ele fez… um enorme treinador. E para um miúdo que tinha chegado há dois anos à I Divisão, era sempre bom ouvir isso”
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Entre as memórias de Sérgio, sobressaem também momentos históricos no próprio Tirsense, incluindo a sua surpreendente classificação durante a sua primeira temporada, quando a equipa terminou em 9.º lugar. “O primeiro ano de Tirsense foi excelente, uma equipa sem grandes nomes e ficámos em 9.º lugar. Éramos dados como uma equipa para descer e mantivemo-nos. No segundo ano, a quatro jogos do fim estávamos quase para chegar à Europa, mas depois só fizemos um ponto e descemos”
, partilhou Abreu, expressando um misto de orgulho e nostalgia.
A Paixão pelo Futebol na Família Abreu
O amor pela profissão é algo que percorre a família Abreu. Sérgio menciona que o futebol sempre esteve presente na sua casa. "O futebol esteve no sangue da família Abreu. Além de mim – e tal como o pai – os meus quatro irmãos também jogaram futebol: Manuel, Armando, Zeca e Berto. Com mais notoriedade o primeiro, falecido em 2022, que esteve quase 50 anos ligado ao futebol desde a formação como jogador até treinador. Representou o Stade de Reims, o PSG, o Nancy e, por cá, o Sp. Braga em 1986/87”, contou Sérgio, revelando a forte ligação familiar ao desporto.
Enquanto reflete sobre o seu passado, Sérgio Abreu deseja que o Tirsense mostre a sua força frente ao Benfica na próxima meia-final da Taça de Portugal, um jogo que pode ter um impacto significativo na trajetória da equipa. “Se o Tirsense-Benfica fosse só num jogo, tudo podia acontecer. Mesmo em campo neutro… num jogo pode. Por exemplo, quando fomos à final pelo Leixões, só havia um jogo. Sim, era em Braga, mas entrámos bem, tivemos sorte em alguns lances, o Barroso manda uma bola ao poste, o Abílio faz o 1-0, o Nené o 2-0 e o Detinho o 3-1… aquilo foi um mundo”
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A Expectativa para o Futuro
Abreu continua a acreditar que, embora o Tirsense enfrente um adversário forte como o Benfica, pode haver espaço para surpresas. “Em meias-finais a dois jogos, as equipas ditas maiores têm mais facilidade, mesmo tendo um percalço no primeiro jogo. Mas não deixa de ser um enorme feito do Tirsense, uma equipa da quarta divisão nas meias-finais”
, sublinhou, deixando claro que a história do Tirsense ainda está longe de terminar.
Enquanto as memórias do passado continuam a ecoar, Sérgio Abreu espera que os seus antigos companheiros se mostrem à altura do desafio e façam valer o orgulho do Tirsense, uma equipa que tem vindo a surpreender e a lutar contra todas as expectativas. O futebol, com as suas emoções, continua a ser uma parte fundamental da vida de Sérgio, e ele está preparado para ver até onde poderá levar o Tirsense nesta competição.