Antigos jogadores de FC Porto e Benfica recordam a intensidade dos clássicos, a pressão e os rituais que envolviam estes jogos de alta tensão. Gaspar, que viveu na pele um FC Porto-Benfica em 1998, e Vítor Paneira, que representou o Benfica durante sete temporadas, partilham as suas memórias e perspetivas sobre o que tornava estes confrontos tão especiais.
Os clássicos entre FC Porto e Benfica são jogos à parte, onde a rivalidade atinge o seu auge e a pressão é palpável dentro e fora do campo. As memórias de ex-jogadores como Gaspar e Paneira revelam a intensidade com que estes jogos eram vividos, tanto a nível individual como coletivo.
Gaspar: Rituais e a Magia dos Clássicos
Gaspar recorda a intensidade dos clássicos, falando da tal “magia diferente”. O antigo central destaca a pressão especial que envolve estes jogos, independentemente da classificação das equipas. “Há uma pressão especial, independentemente da classificação das equipas. Ganhámos 2-0 nas Antas, mas, na segunda volta, o Benfica fez daquele jogo uma final, pela honra. E nós já tínhamos uns 12 pontos de avanço”, recorda Gaspar.
Gaspar partilha ainda os rituais que cumpria para lidar com a pressão: “Entrar com pé direito, tocar com a mão na relva, benzer-me, e saltar, fazendo aquele movimento a cabecear. Era uma forma de ativação, um clique. De certa forma, um ritual. E, antes do árbitro apitar, dava aqueles piques para a esquerda e para a direita, para libertar o nervoso miudinho que se sente. Nas crianças, costumamos dizer que até dá dor de barriga!”.
Vítor Paneira: A Vertente Mental e Episódios Inesquecíveis
Do lado do Benfica, Vítor Paneira também tem memórias bem vincadas dos clássicos. Em declarações a O JOGO, o agora treinador do Varzim recorda um episódio peculiar nas Antas: “Tenho muitas histórias, mas a mais marcante foi a do balneário intoxicado. Tivemos de equipar-nos num corredor estreito e minúsculo, sem saber do material. E ainda fomos aquecer com o relvado completamente encharcado. Há esta parte estratégica, que funciona nestes clássicos a nível mental”, recorda o ex-futebolista Paneira.
Paneira acredita que a vertente mental é crucial nestes confrontos: “A decisão passa muito pela parte mental, porque as equipas, normalmente, são muito iguais. O FC Porto atual pode estar uns furinhos abaixo, mas num clássico isso não se nota”. E, sobre a importância destes jogos, acrescenta: “Sabemos a rivalidade que há entre os dois. Ninguém quer ficar mal. Além disso, nestes clubes os jogos são sempre para ganhar”.