Manuel Sérgio, em sua «Tribuna Livre» no jornal A BOLA, escreveu uma carta aberta elogiando o treinador de futebol Jorge Jesus. Sérgio descreve Jesus como uma «trindade»: «o homem bom; o trabalhador incansável, porque nunca repousa, num trabalho de transcendência (não lhe basta o que faz, quer sempre fazer melhor); e o excecional treinador de futebol.»
Um currículo impressionante
Sérgio afirma que Jesus é «mais conhecido como treinador de futebol de muitos méritos» e que seu currículo desportivo, incluindo o título de melhor treinador do Médio Oriente, é «concludente: um (repito-me) excecional treinador de futebol.»
Sérgio relembra sua experiência como adjunto de Jesus no Benfica, onde pôde «sentir como, a treinar, a sua eloquência se expande sem disciplina crítica, num livre jogo de intuições, observações, reminiscências, mas que os jogadores entendem e fazem suas.» Ele compara a forma de Jesus se expressar nas palestras aos jogadores com a «espontaneidade, a mesma incerteza, a mesma emoção que ressalta de um jogo de futebol.»
Elogios de um ex-adjunto
Apesar de reconhecer que «nenhum treinador é perfeito», Sérgio acredita que, «à distância, quando os historiadores se deitarem ao estudo do currículo desportivo de Jorge Jesus concluem, por certo, que ele foi bem mais do que o melhor treinador do Médio Oriente.» Ele destaca que o que há de «mais saudavelmente espontâneo» em Jesus, «até distante da tarefa reflexiva e elaboradora, é espontâneo, porque Jorge Jesus é sinónimo de futebol!»
Sérgio também menciona a premiação de Jesus e Cristiano Ronaldo nos Globe Soccer Awards, no Dubai, em dezembro de 2022, onde ambos os portugueses foram reconhecidos: Ronaldo como melhor jogador do Médio Oriente e Jesus como treinador invicto do campeonato saudita pelo Al Hilal.
Um mestre de futebol
Ao refletir sobre sua própria experiência como adjunto de Jesus no Benfica, Sérgio afirma que, apesar de ser «licenciado e doutorado e professor agregado», aprendeu muito com a «lucidíssima inteligência» de seu amigo. Ele reconhece que, por vezes, Jesus «é um orador que parece narcisar-se com a sua linguagem», mas destaca que seus jogadores «não escondem a sua admiração: 'Este homem diz-nos de futebol o que ninguém nos disse.'»
Sérgio evoca a figura do lendário treinador José Maria Pedroto, que acreditava que o «melhor treinador de futebol era sempre o ex-jogador da linha média», pois «precisa de ter, em todos os momentos do jogo, uma visão global desse mesmo jogo, para saber servir os seus companheiros.» Ele considera que Jesus, que sempre jogou na linha média, se encaixaria perfeitamente nessa visão de Pedroto.
Por fim, Sérgio conclui que «o direito à vida se confunde, hoje, com o direito de aprender» e que Jorge Jesus é um de seus «Mestres».