Um Início Difícil Mas Determinado
Com apenas 25 anos, João Félix já se destaca como um jogador experiente e maduro, muito além da sua idade. A sua trajetória desportiva começou cedo, aos 11 anos, quando deixou a sua terra natal, Viseu, para seguir o sonho de se tornar um jogador de futebol, ingressando nas escolas do FC Porto. «Não foi fácil. Saí para concretizar o sonho, nas escolas do FC Porto. Na primeira noite em que ia dormir na Casa no Dragão liguei ao pai a pedir que me fosse buscar. 'Tenho saudades'. Ele disse-me 'ok, vou-te buscar, mas depois não te levo mais'. E eu percebi que se quisesse continuar tinha de ir para lá viver.»
O pai, professor e antigo jogador a nível distrital, apoiou a decisão do filho, mas sem exercer qualquer pressão: «Vejo muitos pais a pressionar os filhos para serem o próximo Ronaldo, os putos às vezes nem querem, os pais é que querem isso, mas deves fazer o que te faz feliz.»
Uma Rápida Ascensão
Aos 15 anos, João Félix saiu do FC Porto por falta de oportunidades, mas não desistiu, ingressando no Benfica, onde começou a ter um contacto mais próximo com a equipa principal: «Aos 16 anos, já começo a ver a equipa A mais perto.» Nesta altura, João Félix mudou-se para Lisboa acompanhado pelo irmão Hugo, de 10 anos: «Acabei por ir com ele em pack. Somos muito próximos, apesar de diferentes, temos uma relação especial.»
Aos 19 anos, João Félix tornou-se campeão pelo Benfica e, pouco depois, foi transferido para o Atlético de Madrid por um valor recorde de 126 milhões de euros, tornando-se a maior transferência de sempre de um jogador português. «As coisas aconteceram como tiveram de acontecer. Foi tudo muito depressa, porque tinha acabado de chegar à equipa A, jogo os jogos todos, sou vendido, mudo de país, de língua… Na altura pode ter havido quem tenha ficado chateado por ir embora, mas são oportunidades...E se depois me tivesse lesionado? Há muitos casos assim.»
Lidando com a Fama e a Pressão
Depois de uma rápida ascensão, João Félix admite que chegou a sentir-se «intocável»: «Para ser sincero, tive uma fase em que sentia 'posso tudo', ser intocável, e é normal dado tudo o que aconteceu, mas foi rápido, abriram-me os olhos.» No entanto, o jogador garante que mantém os pés no chão, com a ajuda do pai: «O meu pai diz o que tem a dizer. E costumo dizer que quero que os meus filhos tenham a educação que eu tenho.»
As críticas e a pressão da exposição pública também não o afetam tanto hoje em dia: «Hoje em dia não me afeta nada. Muita gente não percebe que um jogador, ou pessoas muito expostas, têm família, amigos. Temos sentimentos, emoções. Por acharem que ganhamos muito dinheiro temos de lidar com isso, mas temos vida pessoal e se não estivermos a render pode estar a acontecer alguma coisa, algo não está bem. Mas temos de saber lidar, se não pode entrar a depressão, como alguns jogadores já vieram a público admitir que tiveram, outros se calhar nunca disseram… não gosto que me vejam em baixo, guardo para mim.»
A Importância da Família e dos Valores
Apesar da sua ascensão meteórica, João Félix mantém os pés bem assentes na terra, com a ajuda da família e dos valores que lhe foram incutidos desde cedo. «Nunca me passa pela cabeça, só me lembro se me falarem. Não estou na cama, antes de adormecer, a pensar que custei 126 milhões. Não é coisa que me passe na cabeça», afirma o jogador, que pretende transmitir aos seus futuros filhos a mesma educação que recebeu do pai.