O Estádio de São Luís, em Faro, foi durante muito tempo o refúgio dos pequenos clubes que davam luta aos grandes visitantes. O espesso bigode do famoso espanhol Paco Fortes, jogador e mais tarde treinador local, era um símbolo dessa resistência.
No entanto, a modernidade trouxe outras prioridades e o estádio deixou de ser o reduto inexpugnável de outrora. Para alguns jogadores, como Rui Águas, as recordações de lá não são as melhores: «Não me lembro que lá tenha sido especialmente feliz. Ao contrário, foi lá que sofri a única sanção disciplinar da minha carreira.»
Gerir prioridades
Atualmente, o Benfica tem de gerir uma agenda apertada, com a Taça da Liga, o campeonato e a Liga dos Campeões. «Taça da Liga e campeonato a ter que ganhar, e Liga dos Campeões para sonhar. Gerir competições e prioridades são exercícios nada fáceis de resolver, em que os ses e dúvidas se amontoam na cabeça de quem tem de decidir», refere Rui Águas.
A exibição do Benfica no último jogo, que pareceu um ensaio para o confronto com o Bayern de Munique, não foi das melhores. «Ensaiar ganhando era o que se exigia...», comenta Rui Águas.
Elogio a Rúben Amorim
Rui Águas elogia o trabalho de Rúben Amorim, considerando-o «um fenómeno que ficará na nossa história da bola». «Um modelo de treinador original mas simples. Um personagem diferente com uma clareza rara no discurso e um humor que fará falta no nosso meio.»
«Um verdadeiro achado para liderar e revirar clubes históricos em continuadas dificuldades. A primeira prova foi bem cumprida e com distinção, em território nacional. À partida para uma nova empreitada no exterior, que podemos considerar ainda de maior exigência, acredito muito que consiga repetir o êxito alcançado.»
Crítica a alguns treinadores
Rui Águas critica a tendência de alguns treinadores que «esbracejam e gritam no banco», considerando que essa é «a expressão da natureza da pessoa e que muitas vezes também retrata a respetiva fraqueza e insegurança, não representando qualquer mais valia que se conheça». Pelo contrário, elogia o equilíbrio e controlo de Jorge Jesus.
O caso de Luís Freire
Por fim, Rui Águas lamenta a recente demissão de Luís Freire do Rio Ave, considerando-o um «caso infelizmente raro, de quem progride pela sua competência e mérito», alguém que «começou nas divisões inferiores, se evidenciou e subiu até ao nosso principal campeonato pelos resultados conseguidos. Uma raridade e um exemplo a seguir.»