Espaços Distintos, Realidades Divergentes
Numa análise comparativa entre a Liga Portugal e o Brasileirão, o correspondente de A BOLA no Brasil, João Almeida Moreira, conclui que ambas as ligas possuem características distintas, mas que a liga portuguesa se destaca em alguns aspetos.
Segundo Moreira, «comparar ligas europeias a sul-americanas é espinhoso porque falamos de espaços diversos — a UEFA não classifica o Brasileirão, nem a Conmebol avalia a Liga Portugal». No entanto, recorrendo a dados de sites especializados, o autor consegue traçar um panorama comparativo entre as duas competições.
Posicionamento Mundial e Valores dos Plantéis
De acordo com o site Give Me Sports, a Liga Portugal ocupa o sexto lugar mundial, atrás apenas dos principais campeonatos europeus, enquanto o Brasileirão é a décima melhor competição não europeia. Já o site Team Form coloca a Série A do Brasil na sexta posição, à frente da liga portuguesa, que é sétima.
No que diz respeito aos valores dos plantéis, Moreira afirma que «Sporting, FC Porto e Benfica têm plantéis na casa dos 300 milhões de euros, bem acima do trio brasileiro da frente, composto por Palmeiras, Flamengo e Botafogo, entre os 213 e os 136 milhões». No entanto, o quinto elenco mais caro do país europeu, o do Famalicão, «seria apenas o 16.º no país americano».
Competitividade e Desafios
Apesar desta vantagem dos clubes portugueses, o autor ressalva que, «se jogassem no Brasil, os três grandes de Portugal seriam, na teoria, as equipas mais fortes — o que não quer dizer, na prática, que o vencessem porque primeiro teriam de se adaptar ao calendário insano, às viagens continentais semana sim, semana não, às torcidas ainda mais emocionais, aos relvados maltratados, etc.».
Moreira considera ainda que «o Brasileirão é, claro, mais competitivo do que a Liga Portugal, basta ver o aproveitamento de pontos altíssimo dos campeões da segunda por comparação com os do primeiro». Enquanto a liga portuguesa «assemelha-se mais a uma prova de ginástica olímpica em que um mínimo passo em falso — leia-se um empate em casa ou uma derrota fora com clubes pequenos — pode significar a diferença entre o ouro e o fracasso», o Brasileirão «é uma espécie de Tour: longo, cruel, interminável, inclemente, cansativo, doloroso, mas em que um dia mau — leia-se uma derrota com um dos muitos clubes médios — não significa, necessariamente, a perda da camisola amarela, afinal, há mais etapas de montanha, mas contra relógios, mais oportunidades de retificação».
Por fim, o autor conclui que «a Liga de Clubes, melhor ou pior, vai otimizando, quase ao limite, o produto que tem em mãos. Enquanto a CBF desperdiça, quase ao limite, o descomunal potencial do Brasileirão».