Depois de Julian Draxler e Juan Bernat, a proveniência parisiense continua a não ser sinónimo de "garantia de utilização" de jogadores em condição periclitante no Benfica. Da mesma forma que ninguém desconhecia que Draxler, Bernat e Renato Sanches eram excelentes jogadores, também todos sabiam que, em circunstâncias normais, estariam para lá das possibilidades financeiras do Benfica, aterrando na Luz apenas porque padeciam de limitações físicas que os tornavam em riscos que o Paris-Saint-Germain não queria correr, preferindo emprestá-los a preço de saldo.
Foi nesse contexto, e sem surpresa, que Draxler, campeão do Mundo em 2014 pela Alemanha, e Bernat, tetracampeão por Bayern e PSG, tivessem passado discretamente pelo Benfica, ficando a conhecer melhor o posto médico do que o relvado da Catedral.
O regresso de Renato Sanches
Como não há duas sem três, o clube da Luz resolveu aceitar o empréstimo de Renato Sanches, na esperança de que o adágio «o bom filho à casa torna» falasse mais alto que as lesões que têm vindo a martirizar o campeão europeu por Portugal em 2016, de há vários anos a esta parte, impedindo-o de levar até onde podia o extraordinário potencial que toda a gente lhe reconhecia.
A notícia de uma nova lesão de Renato Sanches, que irá mantê-lo em doca seca por algumas semanas, sendo sempre negativa para o jogador, não podia ter caído em pior altura para o Benfica, que procura criar em torno do regresso de Bruno Lage (que é como quem diz, simultaneamente, do despedimento de Roger Schmidt), uma vaga de fundo que afaste o clima de crispação em que o clube tem vivido.
Problemas crónicos
Sendo certo que nunca há lesões oportunas, esta, de Renato Sanches, afigura-se particularmente inoportuna pelo "anticlimax" que cria. Mas que ninguém diga que foi apanhado de surpresa, uma vez que José Mourinho já se tinha queixado há precisamente um ano dos problemas físicos do médio português, afirmando que «o Renato Sanches está sempre em risco de lesão» e que «é difícil entender» o porquê desta situação.
Renato Sanches só não sofreu lesões na Luz, em 2015/2016, naquela que continua a ser a sua melhor época, tinha ele 18 anos. Desde então, os problemas físicos têm sido uma constante na sua carreira, prejudicando não só o seu desenvolvimento, mas também os treinadores que lhe reconhecem enorme qualidade, mas acabam por não conseguir beneficiar do seu futebol.
Esperança ténue
Apesar deste novo revés, o Benfica mantém a esperança de que Renato Sanches possa, finalmente, encontrar a estabilidade física que lhe permita expressar todo o seu talento. Afinal, o jovem médio português chegou à Luz com a reputação de ser um dos melhores jogadores da sua geração, e essa imagem nunca se apagou por completo, mesmo com os contratempos que já teve de enfrentar.
Resta saber se, desta vez, o «bom filho» conseguirá, de facto, voltar «à casa», ou se voltará a ser assolado pelas lesões que têm marcado a sua carreira nos últimos anos.