Sven-Göran Eriksson, o treinador sueco que marcou o Benfica e o futebol português

  1. Eriksson conquistou três campeonatos nacionais, uma Taça de Portugal e uma Supertaça pelo Benfica
  2. Chegou à final da Taça dos Clubes Campeões Europeus em 1990, tendo perdido por 1-0 contra o AC Milan
  3. Foi convidado para treinar o Benfica pela segunda vez por Gaspar Ramos, então diretor desportivo
  4. Gaspar Ramos lamenta não ter sido convidado para a cerimónia de homenagem a Eriksson
  5. Gaspar Ramos e Eriksson tiveram uma «relação muito próxima» e «viveram momentos excecionais»

Na lista de treinadores que marcaram o Benfica - e o futebol português - é obrigatório constar o nome de Sven-Göran Eriksson. Corria o ano de 1982 quando o treinador sueco assinou pelas águias, naquele que seria o seu primeiro desafio fora de portas, depois de ter comandado o Degerfors IF e o IFK Goteborg. Nessa primeira passagem por Portugal, que durou duas épocas, despertou a atenção de grandes clubes europeus e acabou por se juntar, depois, à AS Roma.

O técnico sueco, que faleceu esta segunda-feira, aos 76 anos, após uma dura batalha contra um cancro no pâncreas, deixou uma marca indelével no futebol luso, nomeadamente no Benfica, onde conquistou três campeonatos nacionais, uma Taça de Portugal e uma Supertaça. Chegou ainda à final da Taça dos Clubes Campeões Europeus em 1990, tendo perdido por 1-0 contra o AC Milan, em Viena.

O regresso de Eriksson ao Benfica

Após três temporadas na capital italiana, Eriksson seguiu para a Fiorentina e nesse período foi novamente convidado para treinar o Benfica. Por detrás dessa proposta estava Gaspar Ramos, o então diretor desportivo das águias.

«Foi uma pessoa com quem tive uma relação muito próxima. Vivemos momentos excecionais», revelou Gaspar Ramos, em conversa com o Desporto ao Minuto. O antigo dirigente realçou ainda que Eriksson era «um homem muito especial» com «ideias muito próprias» mas que, ainda assim, se permitia a «discuti-las e conversar sobre elas».

Eriksson, o treinador que revolucionou o futebol português

Gaspar Ramos sublinha que partilhava com Eriksson a «ideia de que a cabine é um fator importantíssimo e que sem uma boa cabine, sem um bom espírito de grupo que se cultiva na cabine, não há boas equipas». «Vivemos isso em conjunto e eliminámos focos que podiam levar a uma destabilização. Recordo os grandes jogos que disputámos, como o facto de termos metido em sentido o AC Milan, que era a melhor equipa do mundo na altura», frisou.

O ex-diretor desportivo das águias concorda que Eriksson «entendia que o Benfica tinha de ter um modelo de jogo adaptado às circunstâncias e ele baseava-se muito no futebol do Liverpool, pelo qual era apaixonado. Ele jogava normalmente em 4x4x2 e no início de uma época disse-me: 'Agora vamos começar a jogar com três defesas', aquilo que hoje se usa muito.»

A ausência na homenagem a Eriksson

Apesar da importância que teve no regresso de Eriksson ao Benfica, Gaspar Ramos não esteve presente na cerimónia de homenagem ao treinador realizada no dia 11 de abril deste ano. «Lamento que o presidente do Benfica não me tenha convidado. As pessoas pensam que o Benfica para trás não conta e que apenas conta o presente», atirou o antigo dirigente, criticando Rui Costa.

Ainda assim, os dois estiveram juntos em Lisboa, no hotel em que Eriksson ficou hospedado, com Gaspar Ramos a destacar que foram recordados «momentos bons» vividos por ambos e que a fase particularmente difícil, marcada pela doença, ficou à parte nessa conversa. «Dava a sensação de que ele estava ótimo porque a aparência era boa. Nestas alturas, procuramos não abordar as questões que são preocupantes e falámos pouco sobre a doença. Falámos sobre o passado», revelou.

Um legado indelével

Sven-Göran Eriksson deixa um legado indelével no futebol português, com Gaspar Ramos a afirmar que o técnico sueco «entendia que o Benfica tinha de ter um modelo de jogo adaptado às circunstâncias» e que «para jogar contra equipas mais valiosas, ajustámos o nosso modelo tático a essas realidades, daí termos tido sempre a preocupação de observar muito bem essas equipas que encontrávamos na Taça dos Clubes Campeões Europeus».

Apesar da sua partida, a memória de Eriksson permanecerá viva, especialmente no Benfica, onde conquistou títulos e chegou a uma final europeia, demonstrando a sua capacidade de transformar e moldar o futebol português à sua imagem.

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