A Federação Internacional de Futebol (FIFA) informou a Associação de Futebol de Macau da decisão de ratificar uma exclusão imposta pela Confederação Asiática de Futebol (AFC). Esta decisão irá afetar quatro jogadores essenciais da seleção de Macau, incluindo o capitão luso-sul-africano Nicholas Torrão, o ex-internacional português Filipe Duarte, o central Vítor Almeida e o avançado Iuri Kaewchang Capelo.
O selecionador de Macau, Lázaro Oliveira, lamentou a exclusão destes jogadores, contando com eles para as duas mãos do 'play-off' de qualificação para a Taça Asiática 2027, contra o Brunei. «Agora é pôr o foco nos jogadores que estão presentes e tentar rentabilizá-los ao máximo para que possam fazer dois bons jogos e tentar passar», disse Oliveira.
Impacto da exclusão
A médio prazo, a exclusão afeta também David Kong Cardoso, jogador do Fabril do Barreiro, que disputa o Campeonato de Portugal, o quarto escalão do futebol português, mas que atualmente está lesionado.
Há sensivelmente oito meses, jogámos o apuramento para o Mundial, em que não houve problema nenhum, recordou o defesa Vítor Almeida, de 33 anos e radicado em Macau há quase nove anos, considerando que a decisão «não faz sentido».
Nacionalidade em causa
Iuri Capelo, que nasceu em Macau há 31 anos, disse estar «desiludido e um bocado frustrado». «Nós todos trabalhamos, não vivemos do futebol. Então requer algum esforço da nossa parte ir aos treinos e é sempre um orgulho para todas as pessoas poderem representar o local onde nasceram», sublinhou.
Apenas os cidadãos chineses com estatuto de residente permanente em Macau podem obter um passaporte do território. Filho de mãe tailandesa e pai português, Capelo disse que, de acordo com as autoridades de Macau, teria de renunciar ao passaporte português. «Como é uma decisão pessoal minha, não quero renunciar à minha nacionalidade», explicou.
Apelo à diversidade
Vítor Almeida alertou que atualmente já há poucos não chineses «a jogar pelas camadas mais jovens da seleção de Macau» e sublinhou a importância de não «ficar resignados e desistir», para que os jovens da região «tenham essa possibilidade de poder representar a seleção de Macau mesmo não sendo chineses».
A Associação de Futebol de Macau confirmou a exclusão, de acordo com regulamentos da AFC aprovados já em 2021, e lamentou que não haja qualquer exceção para «jogadores que já representam Macau há muitos, muitos anos». A associação prometeu que «irá de certeza voltar a tentar» reverter a decisão junto da FIFA, mas excluiu a possibilidade de levar o caso ao Tribunal Arbitral do Desporto, na Suíça.