Há pouco mais de três meses, o Benfica confirmou o adeus ao título ao perder com o Famalicão no Minho. Cem dias depois, a história repetiu-se com idêntico resultado e semelhantes dificuldades.
Roger Schmidt, o treinador do Benfica, ficou numa posição delicada após mais uma derrota na estreia da Liga, uma vez que o seu registo como visitante é preocupante, com apenas duas vitórias nas últimas oito partidas fora de casa.
Benfica sem criatividade e Famalicão eficaz
Cem dias depois, já com três reforços na equipa — Pavlidis, Beste e Leandro Barreiro — o Benfica entrou animado com as boas sensações da pré-época, tentou ser autoritário ao pressionar na área do Famalicão e... pouco mais. Com a bola, em ataque posicional, foi uma e outra vez a mesma coisa — Florentino e Leandro Barreiro sem capacidade de construir, João Mário e Aursnes sempre muito por dentro, laterais projetados mas sem forma de combinar com os extremos ou dar profundidade ao jogo.
«E uma e outra vez a bola acabava nos pés dos minhotos», descreveu a crónica. Sem bola, por outro lado, o Benfica não acertou no tempo e na zona para fazer pressão e o Famalicão foi capaz de sair a jogar em apoio em em futebol mais direto. Assim que passavam a primeira linha de pressão dos encarnados, os minhotos tinham espaço e tempo para criar perigo.
Famalicão muda o rumo do jogo com golo rápido
Antes de Sorriso marcar (12'), num lance tão simples como eficaz, com um lançamento de De Haas para Aranda e depois deste a isolar Sorriso, já o Famalicão tinha exposto o Benfica, então num belo lance coletivo desde a área, ao qual faltou boa execução final. Os minhotos deram a bola ao Benfica mas souberam tratá-la bem e levá-la à área de Trubin.
Só uma vez na primeira parte o Benfica quase ameaçou, quando Pavlidis (isolado como uma ilha grega da equipa) desviou sem força um passe de João Mário para as mãos de Luiz Júnior. O primeiro verdadeiro remate do Benfica surgiu apenas aos 59', uma hora, como tal, sem incomodar.
Roger Schmidt sem encontrar soluções
Roger Schmidt, por outro lado, não teve capacidade de influenciar o jogo. Kokçu entrou ao intervalo. Em 45 minutos foi segundo avançado, médio-direito e médio-interior. Só a entrada de Di María — treinou-se pela primeira vez na quinta-feira — animou o Benfica. Mas, desta vez, de pouco valeu o talento do avançado argentino. Foi sol de pouca dura.
«Porque o que durou e prevaleceu foi a boa organização e estratégia do Famalicão», escreveu a crónica. Marcou o segundo aos 90' por Youssouf Zaydou. Poderia ter marcado mais dois.
Benfica perde estreia da Liga pela segunda época consecutiva
Pela primeira vez na sua história, os encarnados - orientados por Roger Schmidt - perderam a jornada de estreia na Liga em duas temporadas seguidas, sendo que, ambas ocorreram fora de casa. Na época transata, no Bessa, o Benfica deixou cair o empate no último lance do jogo e, agora, em Famalicão, perdeu por dois golos de diferença.
Um registo que deixa o técnico alemão numa posição delicada, uma vez que - em adição - deixou sublinhado alguns fatores negativos: com o estatuto de visitante, apenas registou duas vitórias nas últimas oito partidas e mais de 50 por cento das derrotas ocorreram nos últimos seis meses (seis em 11).
«Foi, de resto, a 15ª vez que o Benfica entra a perder no principal escalão do futebol português. A última ocasião em que o Benfica perdeu a primeira jornada e ainda conseguiu ser campeão foi em 2013/2014, sob o comando de Jorge Jesus, numa caminhada de muito sucesso a nível interno», concluiu a crónica.