Desde a fatídica morte de Miki Fehér, muita coisa mudou no mundo da medicina desportiva. Ao longo destas duas últimas décadas, temos assistido a alterações humanas, científicas e técnicas que refletem até nas leis desportivas. Conversamos com o Dr. Domingos Gomes, fundador do Colégio de Medicina Desportiva, para compreender melhor estas mudanças.
O Dr. Gomes ressalta que "Dessa altura para cá, muito mudou e muito foi mudado". Uma das principais mudanças está relacionada ao apoio médico dentro dos estádios. "Dentro dos estádios tem de haver apoio para todos, até mesmo para quem não é atleta", afirma o Dr. Gomes. Agora, os desfibriladores estão sempre presentes nos estádios, de acordo com as leis específicas.
Além disso, ao longo dos últimos anos, houve avanços significativos na especialização em medicina desportiva. O Dr. Gomes destaca que "só nos últimos anos é que se tratou de fundar a especialidade de medicina desportiva. Isto permite a existência de clínicos bem formados e calibrados para questões específicas, especialidades essas que os clubes procuram".
No entanto, apesar de todos os avanços, o Dr. Gomes ressalta que os seres humanos ainda são vulneráveis. No caso das questões cardíacas, por exemplo, pequenas mudanças na medicação ou nos níveis de hidratação podem afetar o funcionamento do coração. O Dr. Gomes menciona que "quando o relâmpago da tragédia atinge alguém próximo, essa evolução medicinal parece sempre insuficiente".
O trágico episódio de Miki Fehér levanta a questão sobre a necessidade de exames mais abrangentes para os atletas. O Dr. Gomes defende que todos os atletas, especialmente os mais jovens, deveriam fazer um ecocardiograma. "O ecocardiograma nos fornece informações muito importantes, como o funcionamento das válvulas e o tamanho das cavidades do coração", explica o Dr. Gomes. No entanto, ele reconhece que o custo do exame pode ser um obstáculo.
Apesar de todas as mudanças e avanços na medicina desportiva, a sensibilização e a prevenção continuam sendo fundamentais. O Dr. Gomes enfatiza que "é importante sensibilizar as pessoas" para evitar tragédias semelhantes à de Miki Fehér.