Olegário Benquerença recorda a morte de Fehér: «Foi terrível, ninguém conseguiu dormir»

  1. Miki Fehér, jogador do Benfica, faleceu há 20 anos durante um jogo contra o V. Guimarães
  2. O árbitro Olegário Benquerença relembra os momentos que antecederam a morte de Fehér
  3. Apesar do choque, a equipa de arbitragem tentou manter-se concentrada nas incidências do jogo
  4. Não houve apoio formal de acompanhamento psicológico para a equipa de arbitragem
  5. As equipas médicas do Benfica e do Vitória uniram-se na tentativa de reverter a situação, mas infelizmente não tiveram sucesso

Neste dia 25 de janeiro, completa-se o vigésimo aniversário da morte de Miki Fehér, avançado húngaro do Benfica que faleceu de forma trágica durante um jogo contra o V. Guimarães. O homem encarregado de arbitrar essa partida foi Olegário Benquerença, que ainda hoje recorda com tristeza e pesar o que ocorreu naquela noite fatídica.

Benquerença relembra o momento em que Fehér caiu no relvado: "O jogo estava a terminar, o Benfica não me recordo se estava a ganhar ou empatado, penso que ganhava por 2-1, mas não tenho mesmo a certeza... o Fehér tinha entrado poucos minutos antes e, numa situação normal de jogo, tentou retardar o começo e impediu o Vitória de recomeçar o jogo. Eu tive que lhe exibir o cartão amarelo, que ele aceitou pacificamente, consciente de que tinha cometido essa infração, e esboçou um sorriso como que a pedir perdão pela infração que tinha cometido." Foi nesse momento que o jogador húngaro começou a sentir-se mal e, infelizmente, acabou por falecer.

A equipa de arbitragem, apesar do choque, tentou manter-se concentrada nas incidências do jogo. Benquerença relata: "Nós procuramos manter a concentração naquilo que são as incidências do próprio jogo, manter tudo sob controlo. Eu e o meu colega que estava mais próximo é que acabámos por viver mais de perto o incidente, os outros dois colegas estavam a 50 metros, foram-se apercebendo de algo anormal a acontecer, mas sem consciência, porque não é frequente que jogadores caiam no solo e tenham de ser assistidos." Aos poucos, a gravidade da situação tornou-se evidente, mas, de acordo com os regulamentos, a partida não pôde ser suspensa.

Apesar da tentativa de reatar o jogo, ficou claro que ninguém estava em condições de prosseguir. No balneário, a equipa de arbitragem tomou consciência da gravidade do ocorrido e passou por um momento de grande emoção. Benquerença admite: "Depois de sairmos do estádio, fomos para o hotel dormir como previsto, mas ninguém conseguiu dormir e o dia seguinte foi um dia terrível para todos nós, com toda a descarga emocional do que vivemos." Infelizmente, não houve nenhum apoio formal de acompanhamento psicológico, mas a Liga de Clubes esteve presente para oferecer suporte emocional.

Benquerença destaca a solidariedade demonstrada pelos profissionais de saúde envolvidos: "Desde logo, a solidariedade entre as equipas médicas do Benfica e do Vitória, que se uniram na tentativa de reverter a situação. Depois, todo o profissionalismo, a começar por um detalhe: jogo de Inverno, com chuva, usar o desfibrilhador era desaconselhado, mas, com o apanágio de qualquer médico, tiveram cabeça fria para fazer tudo ao seu alcance sem pôr em causa a segurança de todos os que estavam na proximidade. Não tenho palavras, porque de facto vi todo um esforço, trabalho, luta, atrevo-me a dizer, entre aspas, o desespero do pessoal médico, bombeiros e todas as pessoas que estavam por perto e que se tentaram unir para salvar uma vida, infelizmente sem sucesso, mas garantidamente não foi por falta de cuidado."

Bruno Varela e Jesús Ramírez sem brilhar pela seleção

  1. Bruno Varela, guarda-redes do Vitória de Guimarães, foi titular pela seleção de Cabo Verde
  2. Telmo Arcanjo, do Vitória de Guimarães, ficou no banco pela seleção de Cabo Verde
  3. Jesús Ramírez, avançado do Vitória de Guimarães, não entrou em campo pela seleção da Venezuela
  4. Geny Catamo, do Sporting, foi titular e jogou os 90 minutos pela seleção de Moçambique