No dia de hoje, recordamos Eusébio da Silva Ferreira, mais conhecido como 'O Rei'. O emblemático jogador de futebol deixou-nos há exatamente dez anos, na véspera do Dia de Reis. Durante muitos anos, Eusébio foi uma das figuras mais importantes do desporto em Portugal e no mundo.
Eusébio ficou conhecido como 'King' depois de ser padrinho das botas Puma King nos anos 60. Foi um jogador extraordinário que deixou uma marca indelével na história do futebol, não apenas em Portugal, mas também internacionalmente.
Tive o privilégio de privar bastante com Eusébio, primeiro enquanto jogador e depois como jornalista. Durante os anos 80, quando Eusébio começou a fazer parte da equipa técnica do Benfica, tive a oportunidade de acompanhar de perto a sua paixão pelo jogo e a sua dedicação aos guarda-redes. Foi uma época mágica, onde Eusébio, já com mais de 40 anos, mostrava toda a sua genialidade nos treinos, mesmo após várias lesões e cirurgias no joelho.
Recordar Eusébio é relembrar momentos inesquecíveis, como o seu desempenho em Wembley e Celtic Park, onde era ovacionado de pé. As equipas onde jogou pelo Benfica viajavam pelo mundo e, a cada paragem, Eusébio era o centro das atenções. Nesses momentos, os jogadores em atividade eram esquecidos e todos queriam ver o 'King' em ação.
Durante a entrega da Bota de Ouro a Cristiano Ronaldo em Madrid, Eusébio teve um encontro emocionante com Alfredo Di Stéfano. Mesmo contra os conselhos do Real Madrid, Di Stéfano participou de um almoço organizado especialmente para estar com Eusébio, a quem tinha uma verdadeira devoção.
Além disso, tive a oportunidade de presenciar um telefonema entre Eusébio e Franz Beckenbauer durante um encontro da European Sports Media em Munique. Foi um momento marcante, onde dois ícones do futebol trocaram elogios e cumprimentos.
Eusébio foi mais do que um jogador de futebol. Ele era uma lenda viva que conquistou várias gerações com o seu talento e carisma. A sua partida deixou um vazio no mundo do desporto, mas o seu legado e as suas memórias permanecerão para sempre.
No dia do velório de Eusébio da Silva Ferreira, tive a oportunidade de tocar no seu cabelo, que estava impressionantemente macio, como referiu Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica. Foi a minha forma de me despedir de um amigo que partia para a morada eterna, junto aos maiores da Pátria.
E para finalizar, recordo com grande satisfação a primeira entrevista que fiz em A BOLA, há mais de 20 anos, onde tive a honra de conversar com Eusébio e Pelé. Foi uma hora e meia de uma conversa inesquecível, onde pudemos falar não apenas sobre futebol, mas também sobre a vida.