O argentino Rodrigo Garro, considerado o melhor jogador do Corinthians em 2024, não ficou satisfeito ao saber que perderia a emblemática camisa 10 para o holandês Memphis Depay, a nova estrela da equipa. «Não, não me agradou, estaria a mentir se dissesse que me agradou e eu não gosto de mentir», declarou Garro à imprensa.
A numeração dos jogadores nem sempre foi tão importante no futebol. Foi apenas há cerca de 100 anos que os números se tornaram parte integrante do jogo. Na primeira tentativa, em 1928, a Federação Inglesa de Futebol chegou a recusar a ideia, alegando que os 11 jogadores com meias de 11 cores diferentes seria a melhor forma de os distinguir. Apenas em 1933, Everton e Manchester City usaram os números de 1 a 11 e de 12 a 22 na final da Taça de Inglaterra.
Números peculiares marcam ídolos
Ao longo do tempo, a numeração ganhou cada vez mais importância, com alguns jogadores ficando conhecidos por suas escolhas peculiares. O francês Lizarazu preferia o número 69 por ter nascido em 1969, medir 1,69m e pesar 69kg. Já o mexicano Borgetti e vários outros jogadores da liga mexicana usavam o número 58, apenas por ser o número de um canal de rádio. O excêntrico Bendtner chegou a usar os números 33, 26, 3 e 52 durante a carreira, sendo esta última sugestão de uma parapsicóloga amiga de sua mãe.
A mística da camisa 10
A camisa 10, em particular, adquiriu uma mística especial no futebol. Isso deve-se ao acaso, pois quando a Seleção Brasileira participou da Copa do Mundo de 1958, a Confederação Brasileira de Desportos (antecessora da CBF) esqueceu de enviar a numeração à FIFA. Coube então ao uruguaio Lorenzo Villizio, representante da Conmebol e membro do Comité Organizador, definir a numeração, e ele escolheu a 10 para Pelé, então apenas um jovem prodígio. Desde então, a camisa 10 se tornou sinónimo de craque, atraindo jogadores como Maradona e, agora, Garro e Depay no Corinthians.
O presidente do Corinthians, Augusto Melo, teve de intervir para explicar a Garro que Depay usaria a 10 por contrato, mas o consolou dando-lhe a 8, a mesma usada pelo ídolo Sócrates.