Frederico Varandas, presidente do Sporting, foi condenado a pagar 12.200 euros por declarações consideradas difamatórias dirigidas ao antigo presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa. Esta decisão foi proferida pelo Tribunal do Bolhão, no Porto, onde se constatou que Varandas “extravasou a proporcionalidade e os limites da liberdade de expressão”. Segundo o tribunal, Varandas “não queria mais do que o enxovalho da pessoa” de Pinto da Costa, que faleceu a 15 de fevereiro. Ao acompanhar a leitura da sentença por videoconferência, Varandas esteve assistido pelo seu advogado, José Lobo Coutinho, e terá de pagar uma multa de 7.200 euros por difamação, além de 5.000 euros aos herdeiros de Pinto da Costa a título de compensação por danos não patrimoniais.
Este caso remonta a 23 de outubro de 2020, quando Varandas, em declarações prestadas à comunicação social na sequência de uma viagem da equipa do Sporting para um jogo nos Açores, afirmou: “Pode ser uma pessoa culturalmente acima da média, ter um currículo cheio de vitórias, mas um bandido será sempre um bandido. E, no final, um bandido será sempre recordado como um bandido. No dia em que se retirar ou for obrigado a retirar-se, estará a prestar um grande serviço ao futebol português.” Essas palavras foram direcionadas a Pinto da Costa no contexto do famoso caso de corrupção conhecido como Apito Dourado, onde o ex-presidente do FC Porto foi ilibado.
Reações e Justificações
Varandas justificou as suas declarações como uma resposta ao que Pinto da Costa havia dito previamente no Porto Canal, onde se referiu a Varandas afirmando: “No dia em que Frederico Varandas se dedicar à medicina, presta um grande serviço ao Sporting”. Contudo, o tribunal concluiu que esta réplica ultrapassava o princípio do direito de resposta, pois a repetição da palavra “bandido” tinha como única finalidade o “enxovalho e rebaixamento do assistente [Pinto da Costa]”.
A história não termina aqui, pois o caso suscitou reações no mundo do futebol, incluindo críticas a Varandas. Bruno Costa Carvalho, antigo candidato à presidência do Benfica, não poupou nas suas palavras, criticando a postura de Frederico Varandas com a gestão do futuro de Viktor Gyokeres, jogador do Sporting.
A Tensão nas Relações no Futebol Português
Este episódio reflete a tensão nas relações entre os grandes clubes nacionais e destaca a responsabilidade das figuras que ocupam cargos de liderança no futebol português. As palavras de Varandas e a subsequente condenação levam a uma reflexão sobre a forma como os dirigentes comunicam e interagem publicamente, especialmente em momentos críticos.
A condenação imposta a Varandas abre um precedente para a afirmação da importância do respeito e da proporcionalidade na liberdade de expressão, mesmo em debates acesos ligados ao desporto. A forma como as declarações são interpretadas e as suas repercussões podem ter um impacto duradouro nas relações entre clubes e figuras proeminentes do futebol.
Conclusão
O caso de Frederico Varandas serve como um aviso sobre os limites da liberdade de expressão no contexto do desporto, sublinhando a necessidade de um discurso mais ponderado e respeitoso. À medida que o futebol português continua a evoluir, é essencial que as lideranças aprendam com estas experiências para promover um ambiente mais saudável e colaborativo.
O futuro do futebol português poderá depender da forma como os seus líderes gerem as suas comunicações e a maneira como lidam com as rivalidades. Sem dúvida, a valorização do respeito nas interações será fundamental para construir um desporto mais ético e justo.
