A recente Assembleia Geral da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) colocou em destaque questões cruciais sobre a gestão e a estrutura do futebol em Portugal. A sessão revelou tensões internas e a difícil balança entre a autonomia da federação e as exigências de entidades externas. As discussões, marcadas por um sentimento de injustiça e revolta, prenunciam um futuro onde a governança e a transparência serão temas centrais.
A aprovação do orçamento e a nomeação de Pedro Proença para a presidência trouxeram consigo novas regras e órgãos consultivos, gerando controvérsia e levantando dúvidas sobre se as mudanças estatutárias atenderão verdadeiramente aos anseios dos delegados. A necessidade de equilibrar as exigências externas com o desejo de autonomia e auto-regulação será um tema central para a FPF nos próximos tempos.
Tensão e Descontentamento na Assembleia Geral
Luís Campos Ferreira, presidente da Mesa da Assembleia Geral, expressou o desagrado dos delegados com as exigências estatutárias impostas pelo IPDJ, afirmando que “foram aprovadas por unanimidade, mas não por aclamação”. Esta declaração revela a tensão criada em torno das mudanças, que muitos delegados consideraram insuficientes para atender às suas expectativas sobre a distribuição de poderes na FPF.
A pressão para aceitar estas alterações surge da necessidade de manter o estatuto de utilidade pública da FPF. Ferreira enfatizou que os delegados “não estão de acordo, mas tiveram o sentido de responsabilidade para permitir que a alteração fosse feita, pois, se assim não fosse, a FPF poderia perder o seu estatuto de utilidade pública, o que era gravíssimo”. Essa tensão entre a responsabilidade e a indignação reflete um sentimento amplo que permeou as discussões na assembleia.
Orçamento Aprovado e Novas Lideranças
Após aprovar o orçamento que prevê gastos de aproximadamente 143,1 milhões de euros e receitas de 146,2 milhões de euros, a FPF está sob nova liderança. A designação de Pedro Proença como presidente trouxe consigo não apenas um novo orçamento, mas também novas regras que foram consideradas controversas por muitos. Ferreira sublinhou que a responsabilidade sobrepôs-se à indignação, destacando “um grande sentimento de injustiça, intromissão indevida e revolta”.
Autonomia vs. Influência Externa
O diretor financeiro da FPF, Vasco Pinho, reforçou a posição da federação sobre a mudança: “O incómodo com esta posição do IPDJ não se ultrapassou. Felizmente, o futebol português pode funcionar com as dinâmicas que tem hoje e não necessita desta ajuda do IPDJ, certamente bem intencionada, mas mal recebida”. Estas palavras ecoam a frustração sentida dentro da FPF e a determinação em manter a autonomia da instituição face a pressões externas.
Além da reestruturação da gestão interna, as mudanças estatutárias resultaram na criação de novos órgãos consultivos, como o Comité de Ética e o Conselho Superior. Outra alteração significativa foi a troca da denominação da Comissão de Ética, que passa a ser apenas Comissão do Fair Play. Estas alterações prometem impactar a forma como a federação opera internamente, embora muitos, incluindo Ferreira, questionem se as mudanças realmente vão atender ao que os delegados desejam.