Edson Valencia: da construção civil ao estrelato no voleibol

  1. Edson Valencia, voleibolista do Sporting, reinventou-se durante a pandemia.
  2. Trabalhou na construção civil para sustentar a família.
  3. A experiência como oposto no Viana foi mais gratificante que os Jogos Olímpicos.
  4. Antes do voleibol, praticou atletismo, incluindo o decatlo.

Edson Valencia, o versátil voleibolista do Sporting, viu-se confrontado com desafios inesperados durante a pandemia, uma fase que o forçou a reinventar-se e a descobrir novas capacidades. A sua história é um testemunho de resiliência e adaptação face à adversidade.

O atleta recorda como a sua polivalência, dentro e fora do campo, o ajudou a superar um período de grande incerteza, onde a necessidade o impulsionou a trilhar caminhos que nunca imaginou. Desde a construção civil ao regresso triunfal ao voleibol, a sua jornada é uma inspiração.

"Fiquei sem nada": o impacto da pandemia

"As coisas não acontecem por acaso, realmente. De um momento para o outro fiquei sem nada. Nada. Não conseguia voltar ao meu país, não havia jogos e eu estava aqui com a minha família, dois filhos pequenos. Não há campeonato, não há dinheiro, não há nada… O que é que eu vou fazer?! O que é que eu vou fazer?! Não posso voltar ao meu país", recorda Edson Valencia, sobre o período de incerteza provocado pela pandemia.

Perante a impossibilidade de praticar voleibol e impossibilitado de regressar à Venezuela, Edson Valencia viu-se forçado a procurar alternativas para sustentar a família.

Da quadra para a construção civil

"Até que um amigo me telefonou e disse: ‘Edson, vão fazer obras na casa da minha irmã. Não sei se está interessado, é um trabalho duro… E eu :"Estou pronto! [risos]. O que é que eu vou fazer? Vamos!", conta o atleta, revelando a sua prontidão em enfrentar novos desafios.

A adaptação ao trabalho na construção civil não foi imediata, mas a necessidade aguçou o engenho. "Era a única maneira, a minha esposa ficava com os meus filhos, e também não podia andar na rua. E lá fui eu. Foi um pouco duro, porque, enfim, eu sabia trabalhar nas obras, mas pouco. A experiência que tinha tido era como assistente… [sorri]".

Construindo um muro, construindo um futuro

Edson Valencia recorda um momento particularmente desafiante: "Uma vez disseram-me: ‘Amanhã é preciso construir um muro, mas terás de ficar sozinho, porque só conseguimos chegar ao final da tarde. Consegues?' E eu: "Sim, sim", sem fazer ideia. Eram uns cinco metros de comprimento por dois de altura."

"Passei a noite quase sem dormir, a pensar que no dia seguinte tinha de construir um muro. Mas, de manhã, lá fui e comecei a construí-lo. Quando o dia acabou, estava praticamente feito e só dizia: ‘Obrigado, vida!’", conclui.

Sobrevivência e aprendizagem

O foco era garantir o sustento da família, deixando de lado a incerteza quanto ao futuro no desporto. "Não sabia se a minha carreira ia acabar, foi um momento de grande confusão, um momento em que não conseguia pensar. Era só sobreviver. Era o modo de sobrevivência, na verdade", afirma Valencia.

"Foi uma altura de grande aprendizagem, sem dúvida", acrescenta, refletindo sobre o impacto da experiência na sua vida.

O passado no atletismo: forjando um campeão

Antes de brilhar no voleibol, Edson Valencia trilhou outros caminhos no desporto, tendo praticado atletismo e, em particular, o decatlo. "Sim, sim. O atletismo foi o que me moldou a nível desportivo e também pessoal. Até hoje adoro atletismo. Porque é um desporto com muito carácter", explica.

O atleta considera que a experiência no atletismo foi fundamental para a sua formação. "É uma luta consigo", resume.

Atitude de campeão

"E, felizmente, eu tinha dois treinadores que eram chatos, eram muito chatos, mas no bom sentido [risos]. Eles estavam sempre a dizer: "Edson, um campeão tem de ter atitude." Não se ganha só correndo. Você ganha a partir do momento em que se levanta de manhã, em que se levanta como um perdedor ou como um vencedor. Todos os dias me diziam este tipo de coisas", recorda Edson Valencia.

O atleta recorda que os seus treinadores lhe diziam: "Edson, o que é isso?! Atitude de campeão. Por que fazes as coisas assim, como um perdedor? Não é assim, é com energia."

A superação através do dardo

Dentro do atletismo, o dardo era uma das modalidades preferidas. "O dardo, o peso, salto em altura. Adorava, adorava, sim, mas não era muito alto. No lançamento do dardos, o treinador gritava comigo e mandava-me gritar", lembra Valencia.

"Estava sempre a dizer para eu gritar e eu pensava: ‘Mas para que é que eu vou gritar?! Até que um dia, depois de tanto barulho, eu gritei. Estava tão stressado que dei um grito que parecia um louco. Acho que não lancei melhor, mas senti-me tão bem. E pensei: ‘Uau, isto é mesmo bom’", disse.

O regresso ao voleibol e o desafio em Viana do Castelo

Após a pandemia, o regresso ao voleibol aconteceu em Viana do Castelo, onde um novo desafio o esperava. "Depois da pandemia, quando finalmente conseguiu voltar a jogar, em Viana, um novo desafio! Ou seja, a equipa não tinha opostos, mas todos os lugares de central, que era a minha posição estavam ocupados", explica.

"E eles disseram-me: ‘Edson, só temos um lugar livre para oposto.’ E perguntaram-me: ‘Você está pronto? Estou sempre pronto. Pronto?! Quem tem medo de viver?!", recorda Valencia.

A descoberta da posição de oposto

A mudança de posição trouxe novas alegrias e um renovado prazer pelo voleibol. "Foi um desafio diário, uma luta diária, transformar aquilo que tinha disso toda a vida a nível desportivo em coisas novas. E começámos o campeonato [risos]. E correu bem, foi lindo", afirma o atleta.

Edson Valencia confessa: "Joguei tantos anos como central, na Seleção, nos Jogos Olímpicos, mas o que eu gostava era aquilo. ‘Uau, o que é que eu andei a fazer estes anos todos?!' E mudou tudo. Descobri um prazer que não conhecia a jogar voleibol".

Viana do Castelo: mais importante que os Jogos Olímpicos?

Edson Valencia não hesita em colocar a experiência em Viana do Castelo ao nível da participação nos Jogos Olímpicos. "Mas, repito, apesar de tudo isso, não gostei mais dos Jogos Olímpicos, do que gostei quando joguei como oposto no Viana!", exclama.

"O Viana estará sempre no meu coração e, na parede da minha casa, tenho emoldurada a camisola daquele ano. Porque foi incrível, uma sensação indescritível", conclui.

Uma performance memorável

"Houve jogos em que eu fiz mais de 39 pontos e, no dia seguinte, queria voltar a jogar e fazer mais. As pessoas perguntavam se eu não me cansava e eu dizia que não", partilha Edson Valencia, sobre o seu desempenho em Viana do Castelo.

O atleta recorda um jogo contra o Fonte Bastardo: "O Viana estava em último lugar e e vencer o clube K foi espetacular. Mas o Bastardo estava, naquela altura no top3. Era como o David contra Golias e marquei 34 pontos. Em dois dias mais de 70 pontos foi extraordinário, estava cansado? Estava, mas estava feliz, feliz. Eu queria era jogar e marcar. Foi espetacular."

A experiência nos Açores

O percurso de Edson Valencia prosseguiu nos Açores, onde viveu novas experiências. "Voltei a sofrer um pouco, mas em termos familiares foi muito bom. Joguei dois anos, mas estivemos três anos nos Açores. Foi espetacular, uma bela experiência. Tanto a nível desportivo como a nível familiar, o ambiente para as crianças era incrível. Foram três anos maravilhosos. Foi incrível!", finaliza.

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A Complexidade da Gestão no Futebol Moderno

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Nova oportunidade, novo Lampard

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Quando os rivais são os próprios colegas de equipa

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  3. Vitinha emerge como provavelmente o melhor jogador português da atualidade, superando craques como Rúben Dias, Bernardo Silva ou Bruno Fernandes
  4. Após uma época de afirmação no FC Porto, Vitinha deu um salto na carreira ao assinar pelo PSG, onde se tem consolidado como um dos melhores médios da Europa

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  3. O treinador do Barcelona, Segundo Castillo, usou um blazer cinzento, depois de ter usado um smoking branco no primeiro jogo.
  4. O Grêmio venceu o Athletic Club, com um 'frango' do guarda-redes do Athletic Club.

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Mercado da Bola: Sporting e Benfica em foco

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Jan-Niklas Beste revela motivos da saída do Benfica e dificuldades em Lisboa

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  4. Beste elogiou a qualidade de Ángel Di María, mas destacou as dificuldades de comunicação devido à barreira linguística