Manuel Sérgio, um gigante do pensamento desportivo português

  1. Um dos maiores pensadores do desporto em Portugal
  2. Defendia que o futebol é um fenómeno social e humano, não apenas uma fórmula matemática
  3. Acreditava que as Faculdades de Desporto devem fomentar a pesquisa e a insatisfação, não só repetir o que já se aprendeu
  4. Queria libertar o futebol português dos "sebenteiros" e dogmáticos, para criar um "futebol novo"

O mundo do futebol português está de luto pelo falecimento de Manuel Sérgio, aos 91 anos. Conhecido como um dos maiores pensadores do desporto em Portugal, Sérgio deixou uma herança intelectual que desafia a forma como compreendemos o futebol.

Num dos seus últimos textos, Sérgio debruçou-se sobre a obra-prima de Umberto Eco, "O Nome da Rosa", encontrando nela paralelos fascinantes com a realidade do futebol português. A sua visão revolucionária para este desporto deixa um legado que vai muito além do campo de jogo.

O futebol como fenómeno social e humano

Tal como o monge Guilherme de Baskerville, Sérgio defendia que o futebol não pode ser reduzido a fórmulas matemáticas ou a uma visão positivista. Pelo contrário, o futebol é um fenómeno social e humano, repleto de "sonho, imaginação, sentimento, drama e comédia".

Para Sérgio, as Faculdades de Desporto e os cursos de treinadores têm um papel crucial a desempenhar nesta transformação. Ao invés de se limitarem a repetir o que já se aprendeu há muito tempo, estas instituições devem fomentar a pesquisa, a insatisfação e a vontade de criar um "território arvorado em independente, aberto aos heréticos de quem o Ter e o Poder desconfiam".

Libertar o futebol dos dogmáticos

Tal como o monge criminoso em "O Nome da Rosa" temia o riso e a crítica, Sérgio acreditava que o futebol português também precisa de se libertar dos "sebenteiros" e dos dogmáticos, que se agarram a cartilhas ortodoxas. Só assim poderá surgir um "futebol novo", capaz de surpreender e de se reinventar constantemente.

"O futebol (e o desporto em geral) precisa dos cursos superiores de Desporto (e até de cursos de treinadores), desde que deles ressalte um saber onde a maior saliência do magistério dos professores seja a insatisfação e a dos alunos a vontade da criação de um território, arvorado em independente, aberto aos heréticos de quem o Ter e o Poder desconfiam", defendia Sérgio.

Um legado transformador

A sua visão revolucionária para o futebol português deixa um legado que vai muito além do campo de jogo. Sérgio acreditava que o futebol, como manifestação da motricidade humana, deve ser estudado no âmbito das ciências sociais e humanas, e não apenas através de uma abordagem positivista ou económica. Só assim, dizia ele, poderemos compreender a verdadeira essência deste desporto, que é tão "desconcertante e perturbador".

A partida de Manuel Sérgio é uma grande perda para o mundo do futebol português, mas a sua obra e o seu pensamento continuarão a inspirar gerações de treinadores, jogadores e adeptos a olharem para este desporto com uma perspetiva mais ampla e transformadora.

Andrade analisa época do FC Porto: "Tem que jogar bem, não chega só ganhar"

  1. "O FC Porto tem que melhorar visto que não é a imagem dele. No último jogo [frente ao Casa Pia] já venceu. Ganhar é importante mas os sócios portistas são muito exigentes, ganhar não chega, tem que jogar bem também" - Jorge Andrade
  2. "um ano zero no FC Porto, com a mudança de direção, mudança de estratégia. É ter muita paciência porque esta caminhada não se faz em dois dias e o FC Porto tem que estar é unido" - Jorge Andrade
  3. "a luta pelo título nacional está a ser uma prova em que os da frente estão a perder muitos pontos, quem ganhar deve ser um dos campeões com menos pontos. Daí que vai ser emoção até ao fim mas porque existem muitos erros. É ver quem vai ser o menos mau a vencer" - Jorge Andrade
  4. "em Portugal, se a arbitragem não fosse posta em causa era um milagre. Por isso não é novidade nenhuma mas, desde que seja tudo feito na base do respeito, penso que não vai haver qualquer tipo de problema. As equipas têm que tentar os seus objetivos e serem cordiais, vamos ver o que va acontecer" - Jorge Andrade