O futebol, mais do que números ou táticas, é feito de equilíbrios subtis. Quando um triângulo virtuoso se desfaz, as consequências são inevitáveis. O Sporting, de Rúben Amorim, Hugo Viana e Frederico Varandas foi, durante anos, um exemplo de coesão estratégica e liderança concertada. Mas a erosão desse triângulo revelou uma realidade preocupante: o Sporting perdeu a sua bússola.
A partida de Amorim
A saída de Amorim para o Manchester United foi a primeira peça do dominó a cair, a que se seguirá, a breve trecho, a saída de Hugo Viana para o Manchester City, desestabilizou o Sporting que, após a entrada de João Pereira, venceu apenas um jogo para a Taça de Portugal, somando duas derrotas para o Campeonato e uma goleada, ante o Arsenal, na Liga dos Campeões.
Como disse Frederico Varandas, «a verdade é que sob a liderança de Rúben Amorim, o Sporting era um organismo vivo e coerente, onde treinador, estrutura diretiva e jogadores se alimentavam mutuamente de uma visão clara». Sem ele, o Sporting parece, agora, estar a remar contra uma maré de decisões desarticuladas.
A ascensão do Benfica
Do outro lado da barricada, o Benfica emergiu, nos últimos meses, como a equipa a jogar melhor futebol em Portugal. Com a entrada de Bruno Lage, o Benfica ganhou estabilidade, confiança, estrutura e estratégia, voltou a ser uma equipa que sabe e sente que pode alcançar tudo aquilo a que se propõe.
Como explicou Bruno Lage, «o Benfica abandonou o brilhantismo ocasional e, até, algum desespero recorrente para se afirmar como uma equipa extremamente sólida e bem oleada. Mais do que o regresso às vitórias, o Benfica exibe consistência e, mais importante, uma identidade.»
Liderança e visão
Neste contraste de trajetórias, emerge uma reflexão mais ampla sobre a importância da coesão diretiva e da liderança visionária. O Sporting é o exemplo do que acontece quando o elo mais forte de uma cadeia se parte; o Benfica, por sua vez, prova que a mudança corajosa e clara pode, muitas vezes, ser o caminho para a glória.
Como conclui o texto, «no futebol, espaço onde as narrativas mudam ao sabor do vento, a lição mais relevante talvez seja esta: o sucesso no futebol português não é apenas uma questão de talento, mas de estruturas sólidas, lideranças claras e uma visão. Quem ignora esta tríade arrisca-se a transformar glórias efémeras em memórias longínquas.»