Amorim mantém-se fiel ao seu estilo
Na sua primeira conferência de imprensa como treinador do Manchester United, Ruben Amorim deixou claro que não irá tentar copiar o legendário Alex Ferguson. O técnico português afirmou que «é difícil copiar alguém» e que vai impor o seu próprio estilo no comando dos red devils.
«Não sou a melhor pessoa presente para mostrar a história do Manchester United. Em primeiro lugar, deve ser o clube. Este é um clube que precisa de ganhar, tem de ganhar. Temos de mostrar isso aos nossos jogadores. Mas estamos numa época diferente. Não posso ser o mesmo homem que era Sir Alex Ferguson. É uma altura diferente, tenho de ter uma abordagem diferente. Mas também posso ser exigente com uma abordagem diferente. É esse o meu objetivo», disse Amorim.
Pode ser implacável quando necessário
Amorim foi também questionado sobre se teria uma abordagem implacável como treinador, ao que respondeu: «Posso ser implacável quando tenho de o ser. Se pensarem [na] equipa, serei o tipo mais simpático que já viram. Se houver alguém a pensar apenas em si próprio, serei uma pessoa diferente. Não sou aquele tipo de pessoa que quer mostrar que quer ser o chefe. Eles [os jogadores] vão sentir - nos pequenos pormenores - que posso ser o mais sorridente, mas quando há um trabalho a fazer, serei uma pessoa diferente. Eles percebem isso.»
Primeira impressão conquistou todos
Nada mudou para Ruben Amorim desde a sua chegada a Inglaterra. O técnico português conseguiu, de forma natural, convencer toda a gente no Manchester United. Hoje, arranca o que, sobretudo em Manchester, se acredita ser a epopeia da pessoa certa no momento certo.
Saber sempre o que dizer em cada contexto não é para todos e não tem que ver só com inteligência, embora todas estradas do sucesso pareçam aí parar. É, diria, ainda ser capaz de antecipar questões, com ajuda ou não do departamento de comunicação, manter a dose certa de boa disposição e humor e ser, ou pelo menos parecer, genuíno.
Inglaterra é outro mundo e a sua Imprensa cheia de manhas e artimanhas, da mesma forma que a cidade de Manchester tem dimensão gigantesca, o United é um dos maiores e mais ricos clubes do planeta e os seus ex-jogadores apresentam um peso enorme como líderes e influenciadores de opinião. Ruben Amorim chegou, viu e, aparentemente, não deixou ninguém indiferente. Melhor ainda: conquistou toda a gente. Parece fácil, não é. Nunca será.
Precisa de tempo para implementar as suas ideias
As primeiras impressões são importantes, nem que seja porque permitem ganhar tempo. Ao chegar a meio da temporada, com o clube abaixo do meio da tabela, mas sobretudo com esquemas e dinâmicas divergentes para implementar em jogadores na sua maioria já feitos, maturados, naturalmente mais resistentes à mudança, o português bem precisa de ganhar alguma margem, um período favorável, em que ainda seja fácil a lucidez se sobrepor ao stress. Porque Old Trafford vai sempre exigir vitórias, resultados e, pelo menos, um lugar europeu, de preferência de Champions. Uma boa reta final de campeonato será ainda importante para convencer os jogadores das suas ideias e então sim, a partir do verão, com um plantel mais à sua imagem, para conseguir acordar de vez o gigante.
Precisa de ter o apoio total do clube
Talvez precise de tempo também para que lhe seja delegado, tal como no Sporting, o direito a centralizar a reorganização dos red devils, estagnados no tempo a nível de infraestruturas e condições dadas aos jogadores. Sabemos que é o homem certo no momento certo, porém precisa que quem manda também o saiba.
Não vai dar soundbytes aos rivais
Entretanto, os ingleses que fiquem desde já avisados. Ruben Amorim não vai dar soundbytes que os rivais possam colar nas paredes dos balneários como motivação-extra e estará quase sempre ao lado e com os seus jogadores. Com essa forma de estar, garantiu ter constantemente todos consigo, o que foi visível nos bons e nos maus momentos em Alvalade.