Um resultado «enganador»
Depois da goleada do Sporting frente ao Manchester City, por 4-1, em jogo a contar para a fase de liga da Liga dos Campeões, o treinador Rúben Amorim fez declarações emocionadas sobre o seu futuro e a sua ligação ao clube leonino.
Numa conferência de imprensa, Amorim começou por enviar uma «mensagem para a Premier League», afirmando que o resultado «é um resultado enganador». «Tivemos alguma sorte esta noite no jogo, mas a forma como celebrámos com os adeptos foi muito especial. Levo isto para a Premier League. Quando estiver lá a pressão será certamente diferente, o ambiente também. Mas será divertido, tenho a certeza.»
«Uma noite de despedidas»
Amorim referiu-se à partida como uma «noite de despedidas», afirmando que «ainda será melhor se ganharmos em Braga, mas acho que não poderia pedir melhor. O resultado ajudou na despedida. Toda a gente merecia este momento. Fomos muito felizes aqui em Alvalade. Passámos por momentos difíceis e terminar assim é especial.»
Sobre a possibilidade de ir ao Marquês no final da época, o treinador foi perentório: «Vou ter sempre um carinho muito especial por este clube, nunca pensei dizer isto mas é verdade. Obviamente que não vou ao Marquês. Eu já vou obrigado quando sou treinador da equipa. Obviamente que não vou ao Marquês, mas que vou ficar feliz por eles. É como se estivesse lá, mas obviamente que não vou lá.»
Um clube «estruturado» e «valorizado»
Questionado sobre o que mudou no Sporting, Amorim destacou que «o clube está estruturado, há um modelo e uma ideia. O plantel está valorizado. Quem entrar aqui será certamente um excelente treinador. Vai ter o apoio do presidente, da estrutura. O clube está preparado para dar o passo seguinte. O clube vai seguir sem qualquer problema o seu caminho. Foi um longo caminho o que construímos. Demorámos para fazermos e construirmos este caminho.»
Sobre as declarações de Hjulmand, que disse que o Sporting já não precisava do treinador, Amorim afirmou: «Eu acho que preciso mais deles do que eles de mim. Estão bem, estão no playoff, portanto, um objetivo já está alcançado. Quero despedir-me no 1.º lugar, isolados, ganhando em Braga. Estão preparados para perder o seu treinador. Temos de seguir o nosso caminho.»
As lições para o Manchester City
Relativamente às indicações para os duelos com o Manchester City em Inglaterra, Amorim disse que «somos uma equipa portuguesa que teve muitas dificuldades. Nestes últimos quatro anos mudámos muito o plantel e é-nos permitido jogar desta maneira, a esperar pelo adversário. Quando estiver no próximo clube, a abordagem terá de ser diferente. Consigo perceber melhor as dinâmicas da equipa, mas não se leva muito daqui porque teremos de jogar de forma diferente no futuro. São clubes históricos os dois. Será certamente um jogo diferente. Olhando para o jogo, o que tivemos hoje foi sorte, enquanto que nos outros anos não tivemos. Olhando só para este jogo o que mudou muito foi a sorte, que fez com que o jogo caísse para nós.»
Ser o «melhor treinador da história do Sporting»
Questionado sobre ser considerado o melhor treinador da história do Sporting, Amorim afirmou: «É muito mais difícil substituir um treinador que está a ganhar. O treinador que vier terá uma herança boa. Acima de tudo, vai ter um clube estruturado, que ganhou nos últimos anos, e um público inteligente que vai perceber que vai ser preciso dar tempo ao próximo treinador para afinar algumas coisas. É uma das melhores fases do Sporting. Foi um momento difícil. Mas toda a gente puxou para todo o lado. Vamos dizer que eu pertenci a um dos melhores momentos do Sporting.»
O respeito dos jornalistas
Sobre o respeito dos jornalistas, Amorim disse: «Fico muito feliz por essas palavras. Acho que vocês sempre me trataram com respeito e foram sempre justos comigo. Foi recíproco. Tiveram de criticar quando tinham de criticar. Muitas vezes a culpa não é vossa. São gostos. Mas creio que foi recíproco, não apenas do meu lado.»
A despedida do filho e dos adeptos
Questionado se o seu filho tentou convencê-lo a ficar no Sporting, Amorim respondeu: «O meu filho é do Sporting e continuará a ser. Quando viermos a Alvalade, não tem de dizer nada porque quem manda lá em casa sou eu, então não tive de dizer nada... é a mãe na verdade. Em relação aos adeptos, já disse que foi o melhor momento da minha vida. Quero agradecer-lhes por tudo.»
Sobre o sentimento no final da caminhada, Amorim afirmou: «Acima de tudo, agradeci pela vitória porque se fosse o resultado ao contrário o momento não seria tão bonito, seria mais difícil. Tivemos aqui momentos muito marcantes. Há quatro anos perdemos aqui com o LASK e hoje fazemos este resultado. Dos jogadores eu não esperava outra coisa porque sabem o que fiz por eles e o que eles fizeram por mim. Merecíamos todos ter um momento assim.»
A brincadeira com ser o «próximo Alex Ferguson»
Sobre ser considerado o próximo Alex Ferguson, Amorim brincou: «Isso foi uma brincadeira. Não vou certamente ler nada durante seis meses. Fiz o mesmo no Sporting. Não vou ler nada nem ter acesso a nada. É única forma de fazer bem o meu trabalho e as coisas.»
Questionado se o jogo foi perfeito, Amorim respondeu: «Ganhámos por 3 golos de vantagem depois de termos estado a perder. Mas hoje estava visto assim. Na primeira parte foi difícil. Eles falharam golos, empurraram-nos... A reviravolta não teve nada a ver com as mudanças que tivemos ao intervalo. Acontecesse o que acontecesse no jogo, hoje seria assim. Toda a gente merecia esta noite. Agora há que não parar no tempo nem pensar que esta vitória foi um acaso.»
