Varandas e a moral do Sporting - O espelho do dirigente

  1. Declarações de Jorge Gonçalves sobre a normalidade da corrupção no futebol português
  2. Frederico Varandas apresenta-se como um baluarte da ética desportiva
  3. Varandas enumerou feitos como se fosse um "talento geracional"
  4. Varandas ignora o Estado de Direito para tirar conclusões sobre a conduta de dirigentes do Sporting

As declarações de Jorge Gonçalves, antigo presidente do Sporting, sobre a alegada normalidade da corrupção no futebol português, ressoaram como um alerta grave. Numa altura em que Frederico Varandas, atual presidente do Sporting, se apresenta como um baluarte da ética desportiva, importa refletir sobre a verdadeira dimensão moral do clube e do seu líder.

O texto que se segue procura analisar, de forma crítica mas construtiva, a postura de Frederico Varandas e o caminho do Sporting neste delicado contexto.

A confissão de Jorge Gonçalves

«O sistema existe, não lhe posso é provar. E realmente essas situações são corriqueiras, desde os juniores até aos seniores. (…) As pessoas que falavam comigo nessas alturas eram pessoas que apareciam e desapareciam, e todas elas tinham uma bitola consoante a importância do jogo. Muitas das vezes fui contactado e não aceitei, e uma das vezes fui experimentar e vi que realmente funcionava».

Estas declarações de Jorge Gonçalves, antigo presidente do Sporting, constituem uma rara admissão de corrupção ativa no futebol português, feita por um dirigente de um grande clube. Embora a sinceridade da confissão seja de elogiar, é legítimo questionar se estão previstas consequências desportivas para o Sporting.

Frederico Varandas: o talento geracional?

Numa recente entrevista, Frederico Varandas enumerou uma série de feitos como se fosse um «talento geracional», expressão normalmente reservada a jogadores excecionais como Lionel Messi ou Cristiano Ronaldo. Embora se deva reconhecer o mérito de Varandas no sucesso do Sporting, a comparação com os maiores talentos do futebol parece exagerada.

A pureza moral do Sporting?

Varandas apresenta-se como um dirigente mais novo e impoluto do que os seus antecessores, sugerindo que o Sporting é um clube moralmente irrepreensível. No entanto, esta visão não resiste a um confronto com a realidade.

Se Varandas se sente no direito de decretar sentenças sobre supostos crimes de outros clubes, o mesmo critério poderia ser usado contra o Sporting. Bastaria para isso que Varandas, tal como fez, ignorasse o Estado de Direito e tirasse as suas próprias conclusões sobre a conduta de antigos dirigentes e funcionários do clube.

As «VMOCs» do Sporting

Outro episódio que suscita dúvidas é a recompra das chamadas «VMOCs» (Valores Morais Oportunamente Convertíveis) pelo Sporting, uma manobra que lhe terá conferido uma vantagem económica sobre os rivais. Embora legalmente aceite, esta operação pode ser questionada do ponto de vista ético.

Acresce ainda o caso do acionista do Sporting, detentor de 9,9% da SAD, que se vê envolvido em acusações graves de branqueamento de capitais. Será interessante ver como Varandas irá defender o seu clube quando este tipo de problemas o atingir.

Varandas e o espelho da realidade

Frederico Varandas tem pouca autoridade moral para dar lições a outros clubes. Enquanto presidente do Sporting, deve sim pugnar pela ética do seu clube, mas para isso terá de confrontar-se com o seu próprio reflexo no espelho, reconhecendo as imperfeições e as falhas da sua instituição.

As sentenças de Varandas não transitam em julgado. Ele escolhe a parte da realidade que lhe convém, tal como os seus oponentes. Neste jogo, ambos os lados se encontram no mesmo nível de negacionismo, embora Varandas o faça a partir de uma posição institucional com maior responsabilidade.

O futebol português e os heróis caídos

O Benfica, clube do qual sou adepto, também teve os seus «heróis caídos em desgraça». O futebol português tem mostrado que todos os ídolos acabam por se revelar vilões, em algum momento.

Felizmente, há muitos sócios e adeptos do Benfica que colocam um espelho à frente do clube, sem receio de confrontar a realidade. Devemos estar sempre dispostos a reconhecer os nossos próprios erros e falhas, sem nos escudarmos em falsas virtudes morais.

O preço da dívida moral

Quanto a Frederico Varandas, é possível que a dívida moral, ao contrário da dívida financeira, acabe por cobrar o seu preço. O futuro dirá se o presidente do Sporting conseguirá manter a sua imagem de dirigente ético e impoluto.

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