Uma década de jejum chegou ao fim
Os sinais são claros: o Sporting conseguiu chegar a um patamar superior que o pode estabilizar numa rota de sucesso em que não estava há 40 anos. Quatro décadas com dois períodos de jejum de títulos de campeão nacional no futebol, um de 18 anos e outro de 19, com um intervalo de duas conquistas (1999/2000 e 2002/2002) que foram apenas oásis num deserto sufocante. Entretanto, o título de 2020/2021 abriu caminho a uma nova era mas é agora, após a conquista de 2023/2024, que os sinais, dentro e fora de campo, apontam para uma verdadeira viragem que os leões não se podem dar ao luxo de perder. Porque se 2020/2021 foi o balanço que era preciso dar, agora é preciso ficar no topo e isso é o mais difícil, sempre: o ficar lá.
Preparados para a Champions
«Na primeira vez que fomos à Liga dos Campeões, aí sim, éramos muito inexperientes. Sinto a equipa ansiosa, mas mais preparada do que naquela altura, também porque me sinto mais preparado para os ajudar nesta competição», afirmou Rúben Amorim antes do jogo com o Lille. E depois do encontro, o treinador do Sporting destacou: «O resultado foi melhor do que a exibição, mas já sabíamos que o primeiro jogo é sempre complicado. Correu-nos tudo bem, a expulsão ajudou. E, portanto, foi um dia feliz para todos nós, mas uma prova clara de que temos muito ainda para fazer.»
As declarações de Amorim mostram bem como está crescido este Sporting, em que uma vitória na Liga dos Campeões, sempre motivo de alegria mas outrora festejada como se de um título se tratasse, é encarada como natural e até com «muito ainda para fazer». O treinador estava satisfeito com os três pontos Champions, mas, segundo confidências, não estava totalmente satisfeito - ele como a equipa sentiram que podiam ter feito mais. E isso depois de uma vitória na mais difícil e prestigiada liga do mundo mostra bem que agora sim o Sporting de Amorim chegou à idade adulta.
Varandas planeou com visão de futuro
Quando em 2018 Frederico Varandas chegou à presidência de um Sporting em convulsão, sabia que a tarefa era dificílima, ingrata até pela herança de uma era que ficará assinalada como a mais triste da história do clube. No início foram tomadas decisões questionáveis, por isso criticadas. Mas a escolha de Amorim foi importante, porque deu a estabilidade desportiva sempre necessária para que possam acontecer mudanças estruturantes fora de campo, servem no fundo como colete anti bala para a administração poder avançar com medidas que se impõem, mesmo que impopulares.
A apresentação do plano estratégico a dez anos, feito ontem, mostra bem que em Alvalade não se quer apenas ganhar no imediato, quer-se ganhar agora e continuar a ganhar no futuro. E esse futuro deve passar por Varandas para lá de 2026, segundo o vice-presidente André Bernardo, que afirmou: «Éramos um gigante adormecido que hoje está bem acordado».
Uma nova era de sucesso
E por lá, no topo, está para ficar o leão no campo desportivo. Porque o escudo na camisola parece que desta vez não é um peso, mas um incentivo.