Se os golos obtidos fora de casa ainda conferissem vantagem em caso de empate nas eliminatórias europeias, pelo menos dois dos adjetivos do título poderiam mudar: o primeiro, relativo ao Sporting, de «ótima» para «excelente», e o terceiro, referente ao SC Braga, de «má» para «péssima». Quanto ao Benfica, a vitória de ontem à noite poderá, do ponto de vista matemático-resultadista, ser considerada de «boa», mas os sinais da exibição e o facto de ter sido construída em cima de dois penáltis — indiscutíveis, mas caídos do céu, de tão evitáveis que eram — não permite deixar de pensar que se fica pelo patamar do «razoável». Como ficaria se o golo obtido pelo Toulouse pudesse valer sucesso francês em caso de 1-0 na próxima semana.
Seria, pelo que se viu em Berna e pelo que se vai sabendo do atual Sporting, uma grande surpresa ver os leões fora dos oitavos de final da Liga Europa. Mas uma noite má toda a gente pode ter, e se os suíços marcarem por duas vezes sem sofrer tudo pode complicar-se.
Raciocínio inverso aplica-se ao SC Braga. O golo de penálti de João Moutinho, já em período de compensação, recolocou os minhotos na eliminatória, algo que dificilmente sucederia com o 1-4 que se verificava por essa altura.
Não está fácil a vida dos Guerreiros em 2024. Em dez jogos venceram quatro (em rigor três, mas o quarto, no desempate por penáltis, terá sido o mais importante dos triunfos), conquistaram um título, perderam com os três adversários que procuram há anos alcançar e ainda empataram em casa com o arquirrival Vitória de Guimarães. Em quatro dias, nove golos sofridos e dois marcados, após a goleada sofrida em Alvalade (0-5). Houve apupos e assobios na Pedreira, jogadores e treinador assumiram o desaire frente ao Qarabag e pode ser que a toalha não tenha ido mesmo ao chão.
Na Luz, a expectativa de mais de 50 mil transformou-se em quase desilusão perante a fraca qualidade exibicional encarnada e a incapacidade de criar situações claras de golo perante um adversário de nível claramente inferior, a lutar pela manutenção em França.
Dois penáltis infantis cometidos pela defesa francesa e a frieza do campeão do Mundo Di María, do alto da sua classe e dos seus 36 anos, resolveram as coisas a contento para o Benfica e colocaram-no mais perto dos oitavos. Mas há que melhorar qualquer coisa...