O fim de semana no futebol profissional em Portugal foi tudo menos normal. O jogo entre Famalicão e Sporting, que deveria ter ocorrido no Estádio Municipal de Famalicão, foi adiado devido à ausência de polícias. Segundo o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia, Paulo Santos, esta ausência não foi um protesto, mas sim uma forma de os polícias preservarem a sua saúde mental e física.
«Eu quero acreditar que os polícias estão a recorrer a este expediente, não por protesto, mas por cansaço/fadiga total. Eles têm aguentado tudo, por vezes em troca de pouco mais que 40 euros. Hoje, os colegas estão numa situação limite e fogem para preservar a situação mental e física desses serviços», explicou Santos.
A situação gerou desordem e desconforto entre os adeptos, que não puderam entrar no estádio. A Liga Portugal emitiu um comunicado criticando os polícias por colocarem em causa a paz pública e a integridade física dos adeptos. No entanto, Santos considera este comunicado injusto, afirmando que a Liga deveria focar-se em melhorar as condições de segurança nos estádios, de forma a evitar que os polícias tenham de estar presentes.
Sobre a possibilidade de futuros protestos ou greves que possam comprometer a realização de jogos, Santos admitiu que existe uma predisposição para tal. «Eu tenho acompanhado algumas situações e há uma predisposição clara de continuar a fazer isto até que o governo pare com estes atentados contra os polícias. Peço responsabilidade ao governo, porque os polícias estão com vontade de continuar esta luta», afirmou o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia.
O descontentamento policial em relação ao futebol não é novo. Segundo Santos, nos últimos anos houve uma desvalorização do pessoal policial, não só em termos salariais, mas também em relação às condições de trabalho. A presença policial nos jogos de futebol, devido aos comportamentos exagerados dos adeptos, tem causado um grande desgaste aos profissionais. «O futebol colocou-nos numa situação difícil, porque em quase todos os jogos os polícias estão em serviço remunerado nos dias das suas folgas, em caráter obrigatório. Isso provocou um cansaço e uma fadiga enorme nos profissionais», concluiu Santos.