O "como acaba" que nem sempre acontece

  1. A frase 'não é como começa, mas como acaba' serve para exorcizar medos e imprevistos
  2. A final da Liga dos Campeões é exemplo de como a frase é mais comum em adeptos de equipas menos favoritas
  3. O Vitória de Guimarães conseguiu este ano surpreender e ter uma excelente época, alcançando um lugar europeu

Cultivar as expectativas até ao final


A frase não é como começa, mas como acaba, tão repetida até à exaustão, serve muitas vezes para exorcizar medos e imprevistos e para ganhar alento e motivação para o resto do ano ou da temporada, ou até para um jogo eventualmente decisivo. No entanto, são poucos os que conseguem manter as expectativas elevadas e fazer cumprir esse "como acaba" de forma a deixar satisfeitos os pessimistas do costume, nos quais, aliás, o autor se inclui.

A final da Liga dos Campeões como exemplo


Usando um exemplo recente, o da final da Liga dos Campeões, seria mais comum ouvir a frase a ser proferida por um adepto do Borussia Dortmund do que do Real Madrid, pela simples razão de que as hipóteses de sucesso de um e de outro são manifestamente diferentes e a frase ajuda a adiar o inevitável. Claro que o inevitável, sobretudo no futebol, consegue iludir a estatística e fintar o destino, essa é, aliás, uma das suas grandes mais-valias, a beleza do imprevisto e do inesperado, sobretudo quando nasce do trabalho coletivo e de um rasgo que vem pela calada.

O caso do Vitória de Guimarães


O autor, que tem a tentação de torcer pelos underdogs, estava obviamente a torcer pelo Borussia Dortmund, repetindo a frase não é como começa, mas como acaba pelo menos uma meia dúzia de vezes antes do golo adversário, e quase parecia que afinal o sonho se iria cumprir dando assim sentido à frase. Este ano, com o Vitória de Guimarães, depois de um falso e atribulado arranque, conseguiram durante quase toda a época alimentar e projetar o que parecia impossível ou pelo menos muito difícil (não me canso de o repetir), alcançar um lugar europeu, manter a estabilidade da equipa e aparentemente a estabilidade financeira, jogar de forma destemida com todos os adversários, ainda que às vezes o risco ou o adormecimento lhes saíssem caros, valorizar jogadores e reforçar ainda mais o coletivo e a empatia com a massa associativa, fruto dos bons resultados e da confiança que cedo se instalou.