A Operação Pretoriano continua a gerar controvérsia no futebol português, com as defesas de Fernando e Sandra Madureira a pedirem a absolvição de todos os crimes de que são acusados. O advogado de Fernando Madureira, Gonçalo Cerejeira Namora, descreveu a atuação do Ministério Público (MP) como insatisfatória, afirmando que o “trabalho do MP não é conseguir condenações ou andar a defender teses peregrinas. O seu dever é a procura e busca da verdade e não foi isso que vimos aqui”. Esta afirmação ressalta a alegação de que o MP não estava interessado na verdade, mas sim em condenações.
A defesa também se opôs à ideia de que houve uma planificação prévia dos desacatos que ocorreram durante a Assembleia Geral (AG) do FC Porto em novembro de 2023. Namora garantiu que “nunca existiu uma planificação prévia dos desacatos na Assembleia Geral (AG) do FC Porto de novembro de 2023”. Esta declaração busca desmistificar a narrativa criada pela acusação, que incluiu 31 crimes relacionados com coação, ameaças e agressões.
Críticas à Seleção de Testemunhas
Na sua argumentação, o advogado criticou ainda a seleção de testemunhas por parte do MP, alegando que este “escolheu para testemunhas um grupo de amigos e conhecidos a pedido da lista opositora”. Com isso, implicou que as testemunhas não eram imparciais, o que poderia prejudicar a defesa de Madureira. O advogado argumentou que o primo de um atual vice-presidente do FC Porto foi quem mais contribuiu na angariação de testemunhas, o que para ele demonstra “as limitações da acusação”. Através desta linha de raciocínio, Namora insinuou que a acusação estava mal fundamentada desde o início.
Sandra Madureira, representada por Miguel Marques Oliveira, também criticou as acusações, sustentando que se baseiam em suposições. Oliveira afirmou que “a acusação se baseia em suposições e não em factos”, acrescentando que a sua representada “nunca teve qualquer envolvimento direto ou indireto na preparação dos desacatos”. Este ponto de vista sublinha a defesa de que não há provas concretas que liguem os Madureira aos eventos alegados.
Impacto da Comunicação Social
Além de contestar o MP, a defesa de Fernando Madureira não poupou críticas à cobertura da comunicação social sobre o caso. O advogado afirmou que “a comunicação social, nomeadamente a sensacionalista, conseguiu apenas exponenciar uma narrativa para alimentar uma novela”. Isso mesmo sugere que a forma como os eventos foram retratados na mídia teve um impacto negativo na reputação dos arguidos.
Por outro lado, as informações sobre a situação de Fernando Madureira são inquietantes. Até agora, ele é o único dos 12 arguidos a estar em prisão preventiva, enquanto os outros foram libertados. A pressão sobre o tribunal aumentou à medida que as alegações de Henrique Ramos e de Vítor 'Catão' avançam, com a continuidade dos trabalhos a ser agendada para terça-feira.
Implicações para o Futuro do FC Porto
Com esta operação, o futuro de várias figuras e, potencialmente, do próprio FC Porto, está em jogo, refletindo as complexidades e tensões do desporto em Portugal. A situação promete desdobramentos significativos, uma vez que a defesa dos Madureira continua firme nas suas alegações de inocência e na contestação das acusações que lhes são imputadas.
A continuidade do processo e o fortalecimento da argumentação de ambos os lados serão cruciais nas próximas sessões, onde se espera uma análise profunda das evidências apresentadas. O desenrolar deste caso não afetará apenas os arguidos, mas também a imagem e a credibilidade do futebol português, em particular da emblemática instituição que é o FC Porto.