A morte solitária de uma lenda
A morte é sempre um momento difícil, mas não há nada mais triste do que morrer em completa solidão. Este foi o caso do famoso ator Gene Hackman, que faleceu aos 95 anos devido a complicações de uma doença cardiovascular agravada pelo Alzheimer em estágio avançado.
A esposa de Hackman, Betsy Arakawa, uma pianista virtuosa de 65 anos, havia morrido cerca de uma semana antes, vítima de uma síndrome pulmonar causada por hantavírus, uma doença rara transmitida por roedores. Tragicamente, Hackman nem sequer chegou a se dar conta de que a sua mulher havia falecido, sendo encontrados ambos sem vida dias depois na sua luxuosa mansão. Aqueles muros não os protegeram, mas antes os aprisionaram numa solidão indigna.
A fragilidade da fama
É uma lição sobre como a fama, a fortuna e os admiradores não protegem ninguém da solidão ou da morte. No final, todos somos iguais, com o rei e o peão a voltarem para a mesma caixa após o jogo de xadrez da vida, como afirmou o personagem de Al Pacino em «Perfume de Mulher».
Racismo: a mentalidade amputada
Outra reflexão que surge é sobre o racismo, tema também explorado na carreira de Hackman. No filme «Mississippi em Chamas», o ator interpretou um inspetor do FBI que investiga a morte de militantes dos direitos civis que lutavam contra a segregação racial no sul dos Estados Unidos. Infelizmente, o racismo persiste ainda hoje, tanto no outro lado do Atlântico como nos estádios de futebol portugueses.
O racista é alguém com a mente amputada, que só consegue valorizar-se diminuindo os outros. Não consegue ver que a diversidade é o que nos enriquece - Portugal é o país africano mais a norte, o asiático mais a oeste, o americano mais a leste e o europeu mais a sul. O racista só vê a cor da pele, a orientação sexual, o tamanho da barriga ou a roupa que as pessoas vestem. É uma visão tão estreita que nem a inteligência artificial a consegue entender. Para essa mentalidade, como dizia o personagem de Al Pacino em «Perfume de Mulher», não há próteses.