Inclusão na experiência de jogo
O FC Porto deu um passo importante rumo a uma maior inclusão no futebol, ao inaugurar a Inzone, um espaço dedicado a adeptos com necessidades especiais, no Estádio do Dragão. Esta iniciativa pioneira em Portugal visa oferecer uma experiência de jogo adaptada e segura para pessoas com neurodiversidade, como autismo, hiperatividade, défice de atenção e dificuldades intelectuais.
Segundo Rui Martins da Silva, médico do Departamento de Saúde do FC Porto, a criação deste espaço surgiu da vontade de ir além de uma simples sala restrita, procurando promover a integração destes adeptos na experiência global do jogo. «Não fazia sentido apresentar uma sala isolada, sem promover a integração em sociedade», explicou.
Áreas adaptadas às necessidades
A Inzone divide-se em três áreas distintas: uma sala sensorial insonorizada, com iluminação e temperatura controladas, onde os adeptos podem relaxar e acalmar-se; uma zona intermédia, com terapeutas ocupacionais que acompanham os visitantes e os ajudam a adaptar-se ao ambiente; e uma bancada reservada próxima da zona nascente do estádio.
A Inzone conta com o apoio de terapeutas ocupacionais, estudantes de mestrado da Escola Superior de Saúde do Politécnico do Porto, que acompanham os adeptos e os auxiliam a gerir os estímulos sensoriais do ambiente. Ângela Fernandes, uma das terapeutas, destacou a importância deste projeto para a inclusão, afirmando que «é muito difícil chegar aos clubes, sobretudo aos 'grandes'».
Depoimentos emocionados
Entre os adeptos presentes na estreia da Inzone estava o médio André Castro, do FC Porto B, que trouxe a família, incluindo o filho Miguel, de 9 anos, diagnosticado com autismo. «Pela primeira vez vim a um estádio em família. Já tinha tentado, mas era impossível. A agitação é muita, o Miguel não consegue estar sentado. Aqui vê o estádio, pode correr, divertir-se ou estar sossegado na sala insonorizada», descreveu o jogador, emocionado.
Rui Marques, pai de Pedro, um atleta de futebol adaptado do FC Porto, também elogiou a iniciativa, afirmando que «o FC Porto representa uma consciência cívica» e que este projeto permite a estes adeptos vivenciarem momentos em sociedade, algo que normalmente é difícil.
