Um visionário do futebol português
Quarenta anos após a sua morte, o nome de José Maria Pedroto permanece vivo no futebol português. O antigo treinador do FC Porto é recordado como um visionário que deixou uma marca indelével no jogo, com a sua abordagem tática inovadora e a sua liderança carismática.
Recentemente, a Universidade da Maia, onde Pedroto é figura tutelar, organizou uma sessão especial para celebrar o seu legado. O evento contou com a presença de antigos jogadores, dirigentes e amigos próximos do treinador, que partilharam as suas memórias e reflexões sobre a sua influência.
Um escultor do pensamento crítico
«Pedroto era um escultor do pensamento crítico», afirmou José Neto, metodólogo de treino desportivo e antigo aluno de Pedroto. «Ele tinha a capacidade de prever o provável, reformulando conceitos com base numa nova cultura de observação e análise do jogo.»
De facto, Pedroto foi pioneiro na análise detalhada de dados estatísticos, antecipando tendências que só décadas depois se tornaram comuns no futebol moderno. «Ele estudava minuciosamente aspetos como a eficácia ofensiva e defensiva, os rankings de sucesso no desarme, remate e bolas paradas», explicou Neto.
Um líder carismático
Mas o legado de Pedroto ia muito além da análise tática. A sua visão estratégica e a sua capacidade de liderar equipas eram igualmente notáveis. «Ele tinha a habilidade de identificar o talento e o potencial de cada jogador, exigindo deles o máximo e criando um sentimento de orgulho e compromisso», destacou Neto.
Pedroto construiu equipas coesas e unidas em torno de um objetivo comum - a conquista de títulos para o FC Porto. «Ele instituía a ideia do FC Porto como uma identidade coletiva demolidora, baseada num espírito de solidariedade e cooperação», referiu Neto.
O seu estilo de liderança era igualmente distintivo. «Pedroto era uma personalidade carismática, disciplinada e conselheira, que geria os recursos e as estratégias de forma a otimizar o desempenho da equipa», sublinhou Neto. «A sua mensagem verbal e não verbal era sempre congruente.»
Quarenta anos depois, o legado de José Maria Pedroto continua a inspirar o futebol português. Como afirmou Neto, citando Shakespeare, «o que é fácil lembrar para quem tem memória é muito difícil esquecer para quem tem coração». E o coração de Pedroto bate forte no futebol português.