Julgamento prossegue com visualização de mais de 20 horas de videovigilância
O Tribunal de Instrução Criminal do Porto deu início hoje ao segundo dia de visualização das imagens de videovigilância do Dragão Arena, no âmbito da Operação Pretoriano, que tem entre os arguidos o ex-líder dos Super Dragões.
A juíza de instrução criminal aceitou que fossem visionadas as mais de 20 horas de imagens em bruto das câmaras de videovigilância do Dragão Arena, onde ocorreram vários incidentes e agressões durante uma Assembleia Geral (AG) extraordinária do FC Porto, em 13 de novembro de 2023. No entanto, a magistrada indeferiu o requerimento dos arguidos para a audição de testemunhas, incluindo o ex-presidente do FC Porto, Pinto da Costa, e outros antigos dirigentes do clube e da SAD.
Defesa aposta na visualização integral das imagens
«São 23 horas de imagens, claro que é uma estratégia da defesa, mas é importante para percebermos tudo o que se passou desde o início até ao fim, em vez de ficarmos só pelos relatórios que apenas especificam momentos», afirmou Adélia Moreira, advogada de um dos arguidos.
Também as advogadas Susana Mourão e Cristiana Carvalho, defesa de Vítor Catão e Fernando Saul, respetivamente, salientaram a importância da visualização integral das imagens para esclarecimento de dúvidas.
Arguidos mantêm posição de silêncio
Depois de se ter remetido ao silêncio no início da fase de instrução, o antigo dirigente de um dos grupos organizados de adeptos afetos ao FC Porto, Fernando Madureira, regressou ao Tribunal de Instrução Criminal (TIC) por volta das 08:50, para nova sessão de diligências à porta fechada. A sua mulher e ex-vice presidente da claque Super Dragões, Sandra Madureira, chegou cerca de 20 minutos depois, optando por não prestar declarações aos jornalistas.
Acusação do Ministério Público
Em causa está a designada Operação Pretoriano, cuja acusação do Ministério Público (MP) denuncia uma eventual tentativa de os Super Dragões «criarem um clima de intimidação e medo» numa AG do FC Porto para que fosse aprovada uma revisão estatutária «do interesse da direção» do clube, então liderado por Pinto da Costa.
Além de Fernando Madureira, estão acusados outros oito arguidos, incluindo Sandra Madureira, Fernando Saul, Vítor Catão ou Hugo Carneiro, todos com ligações à claque Super Dragões. As acusações incluem 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação. Hugo Carneiro também está acusado de detenção de arma proibida.