Sintrense, o clube que nunca perde os seus adeptos

  1. Sintrense é uma equipa que milita no Campeonato de Portugal, a quarta divisão nacional
  2. Em 2021, o Sintrense recebeu o FC Porto na Taça de Portugal em Queluz, não no seu estádio da Portela
  3. Pedro Santos é considerado o adepto mais fiel do Sintrense, acompanhando a equipa em todos os jogos, inclusive viajando sozinho aos Açores em 2021
  4. Fábio Carvalho é adepto do FC Porto mas também tem uma camisola do Sintrense
  5. Nani, internacional português, investiu recentemente no Sintrense

Fiéis do Sintrense em todos os cantos do país


Pedro Santos e José Carlos são dois adeptos incansáveis do Sintrense, equipa que milita no Campeonato de Portugal, a quarta divisão nacional. Pai e filho não perdem um único jogo da sua equipa, mesmo que isso implique viajar aos quatro cantos do país.


No último domingo, as ruas que circundam o Estádio José Gomes, na Reboleira, encheram-se de azul e amarelo, as cores do Sintrense. Algo não muito habitual para alguns curiosos que, à porta dos prédios, depararam-se com adeptos de duas equipas, sem que nenhuma delas vestisse a mítica camisola tricolor do Estrela da Amadora. Grupos de adeptos do Sintrense e do FC Porto cruzavam-se nas ruas, sem picardias, à procura do 'abastecimento' pré-jogo.

Triste por não jogar na sua casa


O estádio do Sintrense, equipa da casa segundo o sorteio realizado na Cidade do Futebol, em Oeiras, não tinha capacidade para albergar este encontro da Taça de Portugal. Há três anos, em 2021, a sorte também ditou que os da Portela de Sintra recebessem o FC Porto, e jogaram em Queluz, no estádio do Real Sport Club. Agora, o Estrela da Amadora acolheu a partida, a 19 quilómetros da verdadeira casa do Sintrense.


Trocava tudo para jogar no nosso campo, afirma Pedro Santos, adepto do coração do Sintrense, apesar de admitir alguma simpatia pelo FC Porto. Entristece-me muito porque a Portela merecia ter lá um 'grande' e os idosos que deram muito ao clube, outros já faleceram, mereciam que o jogo fosse lá realizado. É um sabor agridoce que fica, admite.

O adepto mais fiel do Sintrense


Mas este não é um adepto qualquer. O pedreiro, de 48 anos, pode muito bem ser considerado o aficionado mais fiel do Sintrense. E o seu companheiro de domingo é o pai - José Carlos, de 71 anos, incutiu o gosto no filho e faz questão de ver também todos os jogos.


Menos um encontro que Pedro Santos teve de encarar sozinho. Em 2021, foi o único adepto do Sintrense presente na deslocação ao Operário Lagoa, dos Açores. A malta não queria ir e outros não puderam. Não fui para outro país, mas acaba por ser uma aventura. Fui de avião sozinho. Era o único vestido de amarelo na bancada, não havia nem sequer pais de jogadores, garante Pedro, acrescentando que os açorianos não o deixaram pagar bilhete por ser o único adepto visitante.

Adeptos de coração dividido


Há também quem tenha o coração dividido. Fábio Carvalho, natural de Sintra, é adepto do FC Porto, mas também tem uma camisola do Sintrense. Se o Sintrense marcar um golo fico contente, mas a ideia é o FC Porto vencer, explica Fábio, com a concordância do amigo e conterrâneo Pedro Ferreira, também equipado de azul. Não posso ficar triste com uma derrota do Sintrense, só se for um resultado muito pesado, admite.

Adeptos contam com investimento de Nani


Ao lado do pai (que também não dispensa o sumo de cevada) e de alguns amigos, Pedro Santos elogia o trajeto do Sintrense nos últimos anos, lembrando alguns jogadores que saíram para patamares superiores - Hélio Varela (Gent), David Teles (Anadia), Afonso Simão (Oliveira do Hospital) ou Danny Tavares (Belenenses) -, mesmo com bastantes mudanças na direção após a saída de investidores chineses que não estavam a ter retorno. Agora, Nani, internacional luso, investiu no clube.

Resultados pouco importam


Ambos esperavam um golo de Pipas, experiente capitão do Sintrense que fez 100 jogos pelo clube, mas tal não veio acontecer. O prognóstico de Pedro Ferreira não distou muito da realidade, pois apostou num 3-1. Só faltou os homens orientados por Pedro D'Oliveira chegarem ao golo.


Mas, claro, se o jogo tivesse sido realizado na Portela havia um gosto ainda mais especial. Ia sempre ser mais difícil para o Porto na nossa casa, na nossa Serra, diz Fábio, mas o amigo Pedro lembra um fator importante: Em Sintra não levava tanta gente, aqui é bom para ir buscar mais dinheiro, também é preciso.