Apesar da exibição «do outro mundo» de Ricardo Velho, o desperdício de oportunidades por parte do FC Porto evidencia que a capacidade de finalização ainda não está «aprimorada como deveria estar», segundo o adjunto Vítor Bruno. Ainda que não tenham sido «avassaladores», o técnico considera que os dragões foram «dominadores de uma ponta a outra sem dúvida» no triunfo sobre o Farense.
«Os dragões metem mais gente na área, arriscam muito mais e, sobretudo, produzem um futebol pródigo em oportunidades muito frequentes», disse Vítor Bruno, salientando que esta é a grande diferença em relação à época passada. O adjunto elogiou a «dinâmica ofensiva permanente e dotada de atributos capazes de baralhar o adversário a qualquer momento» da equipa, considerando que o FC Porto está «mais atrevido mas, sobretudo, menos laboratorial e robótico do que aquilo que acontecia nos tempos de Sérgio Conceição».
Exploração das costas da linha defensiva
Segundo Vítor Bruno, a ideia inicial passou por explorar «as costas da linha defensiva através de incursões de jogadores rápidos e tecnicistas» como João Mário e Pepê, alimentados por um Alan Varela que «tanto saia a jogar numa linha de três como se aventurava no meio-campo ofensivo». Outra dinâmica interessante passou pela canalização do jogo pelo lado esquerdo, com Galeno em evidência, e Iván Jaime a chegar em diagonal curta a partir do centro, tal como aconteceu no golo ao Santa Clara.
Derivação de Galeno e recuo de Iván Jaime
Na segunda parte, destaque para a «derivação de Galeno para o centro do ataque» e o «recuo de Iván Jaime para zonas "gaiola" de criação», com o intuito de «confundir uma linha defensiva algarvia que tremeu também perante outro aspeto específico do jogo dos dragões - a liberdade da linha média para tentar o remate de fora da área, algo que não era tão visível nos tempos de Sérgio Conceição».
Transição defensiva e erro de Otávio
Nem tudo está perfeito, nomeadamente na «transição defensiva», mas isso pode estar relacionado com o «grande povoamento das zonas ofensivas». O problema é quando há falhas «em situações de confronto individual», como aconteceu com Otávio, que «perdeu o duelo individual para Tomané» de forma «característica de quem já abordou o lance devida e mentalmente escaldado por situações anteriores». Isto faz lembrar «um pouco aquilo que aconteceu ao bracarente Niakaté na temporada passada», com «exibições consistentes do ponto de vista coletivo mas uma tendência para a asneirada» que o levaram a ser afastado da equipa.
Vítor Bruno defende Otávio
Na conferência de imprensa, Vítor Bruno «procura estancar a hemorragia e defender o jogador de todas as críticas». Apesar de Otávio ter «atributos de extrema qualidade», a situação «não é propriamente fácil de gerir e impõe alguma ponderação». Vítor Bruno quer evitar a «remoção imediata» do jogador, pois é necessário que o grupo compreenda que «o erro é admissível e tolerável dentro de um espectro de equipa solidária onde ninguém fica para trás». São «novos ventos do FC Porto. Até no discurso».