O caldo entornou entre Sérgio Conceição e Vítor Bruno, o seu antigo número dois, e Diamantino Figueiredo, treinador de guarda-redes do FC Porto, que também trabalha com Conceição desde o Olhanense, decidiu dar a sua versão dos acontecimentos.
Num artigo publicado num jornal especializado em futebol português, Figueiredo garante que é «mentira» que os adjuntos não tenham renovado por responsabilidade do treinador principal. O treinador de guarda-redes explica que quando Pinto da Costa assinou com Conceição, disse que os adjuntos iriam assinar na segunda ou terça-feira seguinte, mas que tal não aconteceu devido à mudança de liderança no clube.
Contrato de Conceição não teve nada a ver com a saída dos adjuntos
«Claramente, que não tem nada a ver com o Sérgio. Estou há 13 anos com ele e é capaz de tirar do dele para nos dar. Inclusive, quando viemos para o FC Porto, veio ganhar menos da metade do que ganhava em Nantes e fez questão que os adjuntos viessem ganhar o mesmo», reforçou Figueiredo.
O treinador de guarda-redes revelou que não assinaram porque, entretanto, deram-se as eleições e Pinto da Costa perdeu. «O próprio Sérgio disse ao presidente para ir falar com os adjuntos e explicar. E foi exatamente isso que aconteceu porque o Sérgio não gostou que nós não tivéssemos assinado. O próprio presidente [Pinto da Costa] disse isso à nossa frente, o Sérgio fazia questão disso. 'Agora a outra administração vem e assina convosco, o que é natural'. E o Sérgio fez questão até que o presidente explicasse tudo isso.»
Críticas à atitude de Vítor Bruno
Figueiredo mostrou-se indignado com a posição de Vítor Bruno, que já tinha feito um acordo com o clube para ser treinador principal, mesmo sabendo que Conceição tinha contrato. «Primeiro faz um acordo com o clube e só depois é que transmite ao Sérgio que quer seguir sozinho. Estou indignado e já ando no futebol há 50 anos.»
O treinador de guarda-redes criticou a forma como o processo foi conduzido por Vítor Bruno. «O Sérgio tem contrato com o FC Porto e não resolveu nada, porque a decisão do Sérgio poderia ser 'vamos continuar'. E ele já tinha feito um acordo para ser principal? Eu, estando uma estrutura, numa equipa técnica, sendo adjunto ia falar com o meu chefe, neste caso com o Sérgio: 'olha, desculpa, mas eles vieram falar comigo para, no caso de saíres, assumir o lugar aqui'. E até pedia opinião. Aí seria uma coisa completamente diferente.»
Vítor Bruno terá mentido sobre destino
Figueiredo revelou que Vítor Bruno disse a Sérgio Conceição que ia para o Catar, mas depois ficou-se a saber, pelo próprio presidente Villas-Boas, que o único acordo que existe é com o FC Porto. «É a pura verdade sobre o que se passou. Não queiram pôr o Sérgio como o mau da fita. O Sérgio abdicava tudo, não precisa de dinheiro. Não precisa disto é pela paixão e pelo amor que tem ao clube.»
O treinador de guarda-redes considerou que Vítor Bruno «deixa muito a desejar pela atitude que tomou». «Independentemente do valor que tem, e tem valor em termos profissionais, mas como homem deixa muito a desejar pela atitude que tomou», atirou.
Crítica à forma, não à decisão
Apesar de tudo, Figueiredo garantiu que não está contra a decisão de Vítor Bruno seguir o seu caminho, mas criticou a forma como o processo foi conduzido. «Agora, a maneira como foi é feio mesmo. E agora vem uma bomba destas. Ninguém é obrigado a ficar eternamente, é como nos casamentos, mas saía com dignidade.»
