Maravilhosa Matinée de Futebol no Dragão
Como escreveu o lendário Eduardo Galeano, «Futebol ao sol e à sombra: às 15h30, casa cheia, gente de sorriso no rosto. Que bonita é uma matinée de futebol!» E é exatamente isso que se viveu este domingo no Estádio do Dragão, um raro acontecimento na Liga Portuguesa nos últimos anos.
Parecia a atmosfera das Antas nos anos 90, com um duelo entre dois históricos do futebol português, embora já sem o aroma marroquino do futebol de Hassan ou Hadjry pelos Leões de Faro, ou a classe de Deco e o instinto matador de Jardel pelos Dragões da Invicta.
Protagonistas Diferentes
Como disse na véspera o treinador interino do Farense, Vítor Bruno, «do banco o Farense partiu a ganhar», comparando os seus cinco jogos como técnico principal contra os quase 500 de carreira de José Mota, o experiente timoneiro do FC Porto.
O técnico portista remodelou a defesa, recuperou João Mário e lançou de início os reforços Nehuén Pérez e Francisco Moura, adiantando Galeno e deixando de fora Zé Pedro e Vasco Sousa. Dos restantes, Samu Omorodin ficou no banco, adiando por mais um jogo a sua assunção como titular na frente de ataque; e Fábio Vieira, lesionado, Tiago Djaló e Deniz Gül não constaram sequer da ficha de jogo.
Um Filme de Suspense
O entusiasmo da matinée deu lugar a um filme de suspense, que se prolongou até ao intervalo. O 4-2-3-1 portista balanceado para o ataque encostou o Farense às cordas, sem, contudo, chegar ao KO. Era como um Rocky Balboa vigoroso no ringue, porém com uma série de uppercuts falhados.
Aos 3 minutos, João Mário rematou cruzado ao poste, e no minuto seguinte, Galeno, com tudo para fazer golo, falhou a baliza. A ansiedade cedo começava a tomar conta das bancadas, com Pepê, Nico, Otávio e Galeno a falharem oportunidades, enquanto o Farense encostado à sua área resistia com Ricardo Velho.
O Despertar do Dragão
Os 71%-29% de posse de bola e 13-7 em remates ao intervalo atestavam o domínio portista, que viria a consubstanciar-se por Galeno logo a abrir a segunda parte. Aplaudido ao minuto 13, após a transferência falhada para o Al Ittihad, o extremo portista fez o Dragão vibrar ao converter um penálti por si sofrido, após um erro infantil de Marco Moreno.
No entanto, apesar de remodelada, a defesa portista ainda treme. E Otávio, o único da linha recuada que ficou de Alvalade, voltou a cometer um erro pela segunda jornada seguida. Desta vez, escapou-se Tomané, que com toda a frieza gelou o Dragão.
Dragão em Ebulição
Com o empate restabelecido três minutos depois, o caldeirão portista acabaria por aquecer até entrar em ebulição. O minuto 65 é paradigmático de como ferviam os mais de 47 mil adeptos nas bancadas: Nico atirou ao poste e logo de seguida Pepê falhava um dos seus clássicos golos cantados. Cinco minutos depois, Galeno disparava uma bomba à barra e no minuto seguinte falhava na cara de Ricardo Velho.
Dez minutos depois de entrar, o investimento de peso para o ataque, Samu, começou a render juros. Poderosíssimo, o ponta de lança sub-21 espanhol aproveitou uma recarga para encontrar por fim fazer a festa.