A organização do futebol em Portugal tem sido alvo de críticas cada vez mais frequentes, e a decisão do Farense só vem intensificar esses debates. A verdade desportiva tem sido posta em causa, e os adeptos pagantes são os que mais sofrem com isso. O último campeonato e o atual são exemplos exuberantes dessa realidade. Os principais culpados são a Federação Portuguesa de Futebol (FPF), a Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), a Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) e os presidentes dos restantes clubes que se mantêm passivos perante os atropelos cometidos. Além disso, alguns desses presidentes têm simpatias clubísticas bem conhecidas, o que influencia negativamente a imparcialidade do futebol português.
Mas vamos focar-nos na decisão do Farense. É uma perfeita aberração que um clube decida disputar os jogos contra os três grandes em um estádio neutro, enquanto os restantes adversários são recebidos no seu próprio estádio. Isso só contribui para uma maior violação da verdade desportiva no próximo campeonato. Os chamados 'donos disto tudo' estarão em vantagem, disputando 18 jogos em casa e apenas 16 fora. Enquanto isso, os restantes clubes terão que fazer 17 jogos em casa e 17 fora, como manda a lógica de uma competição a duas voltas. A Liga Portuguesa de Futebol Profissional tem a oportunidade de fazer algo pela verdade desportiva e impor regras justas e iguais para todos os clubes. É importante que não permitam essa decisão do Farense e o obriguem a disputar todos os jogos no mesmo estádio, dando-lhe apenas a prerrogativa de escolher entre o Estádio de São Luís e o Estádio do Algarve.
Caso contrário, estaremos a contribuir para que o nosso futebol pareça cada vez mais uma farsa travestida de competição desportiva. É necessário que existam critérios que tornem os campeonatos iguais para todos, em termos de regras, regulamentos e tratamento pelos órgãos dirigentes, para que a classificação final seja baseada apenas no mérito desportivo. Entendo perfeitamente a perspetiva financeira do Farense, mas não posso aceitar que um campeonato disputado pelo meu clube, o Vitória, não tenha regras iguais para todos os participantes.