Portugal assegurou a sua presença nos quartos de final do Campeonato Europeu Sub-21 com uma exibição dominante frente à Geórgia, selada com uma vitória expressiva por 4-0 no derradeiro encontro da fase de grupos. Após o apito final, os intervenientes no jogo partilharam as suas perspetivas sobre o desfecho da partida e as aspirações para o que resta da competição.
Apesar da pesada derrota, a partida ficou marcada por um momento de notável fair-play protagonizado pelo internacional georgiano Otar Mamageishvili, que atua no Famalicão. Em bom português, o guarda-redes felicitou a seleção portuguesa e expressou os seus desejos para o futuro da equipa das Quinas: “Parabéns Portugal, boa sorte. Não estou contente, mas se forem campeões europeus, fico contente”, declarou Mamageishvili.
Análise do Selecionador Rui Jorge: O Impacto da Expulsão
Do lado luso, o selecionador nacional Rui Jorge abordou a forma como o jogo decorreu, um desenrolar que foi profundamente influenciado pela expulsão de um jogador georgiano nos momentos iniciais da partida. Rui Jorge sublinhou o quão determinante foi esse lance para o desfecho do encontro.
“O jogo ficou muito condicionado pela expulsão [de Lasha Odisharia] logo no início. A este nível, quando as equipas se aproximam em termos de valor, é muito complicado quando se fica em inferioridade numérica, mais ainda durante quase 90 minutos. Ainda assim, a Geórgia demonstrou sempre um coração e uma vontade enormes e nunca baixou os braços, a não ser na ponta final”, analisou o técnico português, reconhecendo o esforço da equipa adversária mesmo em desvantagem.
Estratégia e Dificuldades Antecipadas
Rui Jorge detalhou a abordagem tática adotada por Portugal para tirar partido da superioridade numérica ao longo de quase toda a partida. O objetivo era desgastar o adversário e garantir um maior conforto na gestão do resultado à medida que o jogo avançava.
“Para estarmos mais descansados perto do fim, foi preciso fazer desde o primeiro minuto uma circulação rápida e tentar obrigá-los a fazer um esforço suplementar em função de estarem a jogar com 10. Acho que isso foi conseguido em parte no primeiro tempo, mas podíamos ter tido maior agressividade e largura no jogo. A Geórgia é forte em termos coletivos e na paixão que coloca em campo. Nos últimos 13 jogos, tinha marcado em 12, pelo que consegue criar problemas aos adversários e marcar golos. A expulsão veio facilitar-nos [a tarefa] e antevia um jogo claramente mais difícil se eles não estivessem reduzidos a 10”, explicou o selecionador, reforçando que a expulsão alterou significativamente o cenário que se perspetivava para o jogo.
O Louvor aos Jogadores Lançados do Banco
Para além da análise tática, Rui Jorge fez questão de destacar o desempenho e a atitude positiva dos jogadores que entraram em campo vindos do banco de suplentes. O técnico vê nestas exibições sinais encorajadores para a equipa.
“Não tem a ver só com a qualidade, mas também com a atitude. O Henrique Araújo joga 10 ou 15 minutos e vai à procura de fazer o seu golo e dar a profundidade que queremos, principalmente quando estamos a defrontar adversários que defendem baixo. São bons sinais da equipa e eu estou muito satisfeito com todos eles”, enalteceu Rui Jorge, sublinhando a importância da resposta dada pelos jogadores que não iniciaram a partida.
Ambição Versus Serenidade Rumo ao Título
Confrontado com as expectativas e os objetivos da seleção portuguesa para a fase a eliminar, reconhecidamente mais exigente, Rui Jorge não escondeu a ambição de chegar longe na competição, mas manteve um discurso pautado pela serenidade e pelo foco na progressão da equipa e na imprevisibilidade do formato.
“Podem continuar a fazer-me essa pergunta 500 vezes e eu vou responder sempre que gostaria de vencer o título, mas importa-me que eles continuem a demonstrar o que têm demonstrado até agora. Se continuarem com este nível de jogo e espírito coletivo, estaremos mais próximos de conseguir bons resultados. Agora, depende muita coisa. A Geórgia estava apurada para os quartos de final a cinco minutos do fim [do segundo jogo]. As coisas decidem-se num ápice e a consistência faz parte de quem quer chegar longe. Já nem estou a falar de vencê-la, mas de chegar a uma final. Ainda há trabalho muito duro pela frente e batalhas difíceis para serem ultrapassadas”, concluiu Rui Jorge, projetando os desafios que se avizinham na caminhada europeia dos Sub-21.