Da surpresa com o 1.º Dezembro à oportunidade no Belenenses
Poucos meses atrás, João Nuno era o treinador do modesto 1.º Dezembro e festejava, com o seu grupo de jogadores, a inesperada qualificação para a fase de subida da Liga 3. No entanto, uma oportunidade irrecusável surgiu no seu caminho: o convite para assumir o comando técnico do histórico Belenenses, um clube com uma rica tradição no futebol português que atravessava uma fase negativa e lutava pela ascensão aos campeonatos profissionais.
«Não contava, sinceramente, estávamos muito focados naquilo que estávamos a fazer no 1.º Dezembro, tínhamos acabado de fazer história, num clube onde ninguém pensava estar na fase de subida e o objetivo era claramente a manutenção, estávamos todos muito felizes. Apareceu esta chamada e a reunião com o presidente do Belenenses, onde foi feita esta abordagem e depois foi um dia difícil, foram 24 horas para tomar uma decisão, mas o Belenenses é um clube muito grande e eu achei que era o momento certo para assumir», explicou o treinador.
Desafio de devolver o Belenenses aos campeonatos profissionais
Apesar da desconfiança inicial dos jogadores do 1.º Dezembro, que «ficaram tristes» com a sua partida, João Nuno acredita que eles «um dia vão perceber» as suas motivações. Entretanto, o foco está no novo desafio, que será o de devolver o Belenenses aos campeonatos profissionais. «Acredito muito que vamos ter condições para subir já de divisão», afirmou, rejeitando a possibilidade de apenas planear a próxima época caso não consigam a almejada promoção nesta temporada.
Recuperar a confiança mental da equipa
Ao chegar ao Restelo, o treinador encontrou «um excelente grupo, com um lado humano muito forte, preparado para aprender», mas que evidenciava «alguma insegurança, instabilidade» devido aos fracos resultados anteriores. Reconhecendo que os jogadores do Belenenses são «muito melhores do que aquilo que têm vindo a apresentar nos jogos», João Nuno decidiu estabelecer como prioridade a recuperação do aspeto mental da equipa.
«É mais difícil porque estamos a meio de uma fase de subida, onde as equipas estão consolidadas, onde o processo de trabalho das equipas já passou para uma primeira fase e nós estamos a alterar muita coisa, sabemos esse risco, mas também definimos bem o caminho», explicou.
Implementar um modelo de jogo assente no controlo da posse de bola
Nesse sentido, João Nuno tem vindo a implementar uma ideia de jogo assente no controlo da posse de bola e na pressão alta sobre o adversário, com o intuito de não permitir que os oponentes dominem o Belenenses na Liga 3. «Estão ligados os dois momentos, nós se pressionarmos bem, vamos conseguir ter a bola, porque uma coisa liga à outra, não vamos deixar o adversário jogar e vamos ser nós a tentar mandar no jogo. Eu acho que não podemos dizer que somos só grandes de história, temos de tentar provar isso em campo e são essas ideias que temos vindo a passar», referiu.
Vitória sobre o Sporting B com sabor especial
Apesar das dificuldades inerentes a uma mudança de modelo de jogo a meio da época, João Nuno acredita que os jogadores do Belenenses já começam a compreender melhor as suas ideias, como ficou demonstrado no recente jogo com o Sporting B, no qual a equipa azul esteve superior até à expulsão de um jogador adversário, acabando por vencer.
Para o técnico, a vitória sobre o Sporting B, equipa treinada pelo experiente João Pereira, não teve qualquer sabor especial, pois a sua maior motivação passou por dedicar o triunfo ao recentemente falecido professor Manuel Sérgio, figura marcante na sua formação académica e pessoal.
Influência do professor Manuel Sérgio na sua carreira
Formado em Educação Física e Desporto, João Nuno revela que a sua carreira como jogador, feita sobretudo em clubes da Margem Sul, como o Barreirense e o Fabril, foi marcada pela sua precoce visão do jogo, ao questionar frequentemente os treinadores sobre as suas opções. Foi precisamente neste percurso que conheceu o professor Manuel Sérgio, que viria a ter uma influência determinante na sua vida e na sua visão sobre o futebol.
