Treinador escocês Ian Cathro sente-se mais português do que escocês

  1. Escocês de 38 anos começou carreira de treinador aos 23 anos após lesões interromperam carreira de jogador
  2. Primeiro contacto com o futebol português em 2012 na equipa técnica de Nuno Espírito Santo no Rio Ave
  3. Trabalhou com Nuno Espírito Santo em Valência e Wolverhampton, treinando jogadores como Vitinha, Pedro Neto e Rúben Neves
  4. Sente-se «muito mais português do que escocês» devido à importância dada à família e à cultura

Ian Cathro, treinador do Estoril, surpreende desde logo pela sua fluência em português, quase perfeita. O escocês, de 38 anos, começou a carreira de treinador muito cedo, aos 23 anos, depois de uma promissora carreira como jogador ter sido interrompida por lesões.

Cathro recorda que o seu primeiro contacto com o futebol português aconteceu em 2012, quando ingressou na equipa técnica de Nuno Espírito Santo no Rio Ave. «Eu tinha tanta vontade. Eu sabia que, para fazer uma carreira diferente no futebol, eu precisava de ter alguma experiência diferente. E tinha de ser fora do meu país», explica.

Ligação à cultura portuguesa


Nos anos seguintes, Cathro trabalhou com Nuno Espírito Santo em Valência e no Wolverhampton, tendo tido a oportunidade de treinar alguns dos melhores jogadores portugueses da atualidade, como Vitinha, Pedro Neto, Rúben Neves, Diogo Jota, Nelson Semedo, Pedro Gonçalves, João Moutinho e Rui Patrício. «Tantas boas memórias. Porque, além de grandes jogadores, estamos a falar de boas pessoas», recorda.

O escocês assume-se hoje muito mais ligado à cultura portuguesa do que à britânica, afirmando sentir-se «muito mais português do que escocês». «Desde logo, o valor da família, que é diferente no meu país. Lá é mais frio, pelo clima e, também, talvez, na cultura. Não existem tantas rotinas de dar importância aos momentos com a família. Eu gosto muito mais do lado português, nesse sentido», explica.

Diferenças no futebol português


Cathro destaca também as diferenças que encontrou no dia-a-dia do futebol em Portugal, com os adeptos e a imprensa a darem muito mais atenção ao jogo em si do que a outros fatores, como os árbitros. «Ler uma reportagem do último jogo na Escócia: falam muito do árbitro (bem, aqui também falam do árbitro), mas falam muito do ambiente. Não escrevem muito sobre o jogo, do que realmente aconteceu, a parte do futebol. Depois, apanhas o avião, chegas aqui, tomas um café, lês os jornais e há mais conversa sobre futebol. Dá-te uma indicação sobre a cultura, de falar do futebol, pensar no futebol», refere.

Para Ian Cathro, a sua experiência em Portugal «mudou a sua vida» e fê-lo sentir-se muito mais ligado a este país do que à Escócia, sua terra natal.

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