Saída de Ricardo Mangas
Um dos temas abordados foi a saída de Ricardo Mangas, que está prestes a transferir-se para os russos do Spartak de Moscovo por dois milhões de euros, mais 500 mil em objetivos. O presidente do Vitória de Guimarães, António Miguel Cardoso, defendeu que, apesar dos adeptos terem protestado nas redes sociais pelo valor considerado baixo, esta foi a melhor proposta recebida.
Não. Existiram propostas inferiores. Da Turquia? Também. Em todas elas tentámos negociar, mas a proposta que chegou com o valor superior foi esta. Se me perguntarem se eu gostava de ter vendido o Ricardo Mangas por quatro ou cinco milhões, acho que isso é óbvio, mas esta foi efetivamente a melhor proposta. O jogador queria ir e temos que estar abertos e disponíveis para perceber quando é que é o melhor momento de fazer as coisas, explicou Cardoso.
O presidente do Vitória considerou ainda que a saída de Mangas acaba por valorizar outros jogadores da equipa: Grande atleta, grande desportista, um grande homem, mas não acredito que o Ricardo Mangas, se estivesse cá a época toda, sairia daqui a um ano por um valor superior. Com a saída do Mangas, valorizamos automaticamente os laterais da equipa. O Maga, o Alberto, o Bruno Gaspar, o João Mendes e o Marco Cruz, que, direta ou indiretamente, podem beneficiar com essa abertura.
Venda de Jota Silva
Outro tema abordado foi a venda de Jota Silva ao Nottingham Forest, por sete milhões de euros, mais cinco em objetivos. Cardoso revelou que o clube conseguiu adquirir mais uma parte do passe do internacional português antes da sua venda.
Sim. Inicialmente eram 50 por cento e nós tínhamos a opção de comprar mais 20 por cento. Acabámos por fazer à volta de 25 por cento na altura de fechar o negócio. Não foi fácil convencer o Casa Pia e é óbvio que é uma operação de sucesso. Eles foram sensíveis, porque também é uma excelente operação para o Casa Pia, afirmou.
Apesar de ter recebido uma proposta superior, Cardoso explicou que a vontade do jogador em ir para a Premier League foi um fator determinante.
Houve, efetivamente, mais clubes interessados. Tivemos uma outra proposta superior, mas temos de ser conscientes em relação àquilo que é a vontade do jogador. Se o jogador tem o sonho de ir para a Premier League, se o jogador não quer ir para mercados emergentes, como era o caso dessas propostas, ou para mercados periféricos, nós temos que ser sensíveis a isso.
Necessidade de estabilidade financeira
A necessidade de estabilidade financeira do clube foi outro tema abordado pelo presidente do Vitória. Cardoso lembrou o facto de o clube estar privado de receitas televisivas para explicar a maior necessidade de vendas, bem como uma menor margem negocial.
Nós temos a despesa corrente do Vitória e tudo o que está para trás, toda a falta de receita que não tivemos e só podemos resolver com a venda de ativos. Agora, se pensamos nesse valor, ajuda a pagar o quê? Ajuda a pagar a relva, os transportes, os hotéis, os jogadores. Há um sem número de chamadas constantemente a pedir dinheiro. Temos a responsabilidade de tentar pagar as contas. Não é vitimização, mas não recebemos os direitos televisivos o mandato inteiro, só os vamos receber em 2025.
Críticas dos adeptos
Confrontado com as críticas dos adeptos aos valores das vendas, Cardoso defendeu que as decisões são tomadas com base no que é melhor para o clube a longo prazo.
Mostra que o clube está ativo e que as pessoas estão interessadas, mas não é isso que me vai fazer tomar ou não decisões. As pessoas que criticam deviam candidatar-se e estar aqui para tomar decisões. Muitas vezes é fácil estarmos num computador e dizermos o que temos a dizer, mas depois quando é preciso tomar as decisões é mais difícil.
Outras saídas previstas
O presidente do Vitória garantiu ainda que já evitou outros negócios, como por exemplo Borevkovic e Tomás Handel, e que certamente haverá mais saídas em janeiro para fazer face às necessidades financeiras do clube.
É evidente. Se um clube tem uma despesa à volta de 25, 26, 27 milhões por ano, com o passivo que tem para trás, com a necessidade que tem de, todos os meses, cumprir com o que está para trás e com o que é corrente, que não tem direitos televisivos, tem de vender jogadores.