Afinal, de vez em quando, a tradição ainda é o que era. Como já se esperava, sempre que Ricardo Horta marca ao FC Porto, o Sporting de Braga acaba por vencer. E Carlos Carvalhal, na Pedreira, vai em três vitórias e um empate com os dragões.
Mas este triunfo do SC Braga sobre os azuis e brancos foi muito diferente de outros, mais sofridos, já que os minhotos, que só sentiram dificuldades no último quarto de hora da primeira parte, apresentaram-se mais bem organizados, com um futebol tecnicamente mais refinado, e tiveram um treinador que deixou o adversário queimar todos os cartuchos para a seguir, cirurgicamente, colocar a sua equipa a salvo de quaisquer percalços.
Estratégia bem definida do SC Braga
O Sporting de Braga entrou em campo com uma estratégia bem definida, que contrariou os planos de Martin Anselmi. Carlos Carvalhal começou por entregar El Ouazzani a marcação dos três centrais do FC Porto, deixando assim espaço entre linhas para Ricardo Horta, apoiado por Gorby e João Moutinho, que encheu o campo com a sua experiência e qualidade na construção de jogo. Com a linha defensiva contrária manietada e o meio-campo controlado, o problema seguinte era travar a dupla Samu/Gonçalo Borges, sempre que este último derivava para o centro. Para isso, a solução foi simples e eficaz: Victor Gómez passou a central pela direita e Gabri Martínez acompanhou Francisco Moura, fazendo de lateral-direito e passando assim a defesa a cinco.
Desorientação do FC Porto
A desorientação dos dragões perante este quadro tático foi tanta que aos 17 minutos, quando Ricardo Horta fez o 1-0 (decisivas as movimentações de João Moutinho e Paulo Oliveira na direção do primeiro poste, que deixaram Diogo Costa na dúvida), já o FC Porto tinha visto três cartões amarelos.
A equipa de Carlos Carvalhal foi capaz de se aguentar em nível altíssimo até à meia-hora de jogo, mas depois, progressivamente, por ter deixado de conseguir ter bola a meio-campo por baixa momentânea de Gorby, baixou linhas. Ainda assim, os portistas tiveram um derradeiro quarto de hora aceitável na primeira parte, com um remate com o ombro de Samu defendido por Hornicek.
Soluções de Carlos Carvalhal superaram as de Martin Anselmi
Porém, o intervalo serviu para o SC Braga acalmar, reorganizar-se e reagrupar-se, e desde logo se percebeu que os ataques rápidos e a solidez defensiva seriam a arma dos minhotos na segunda metade.
Na verdade, as soluções encontradas por Carlos Carvalhal, apesar de ter um banco mais pobre, superaram as de Martin Anselmi, que com mais alternativas acabou a jogar de pontapé para a frente, à procura de um milagre que nunca chegou. O FC Porto, nesta altura, tem um plantel vulgar, que joga um futebol vulgar, e encontrou um treinador que, em Braga, não passou também de soluções vulgares, permitindo a Matheus Hornicek uma noite muito mais descansada do que a que teve Diogo Costa.
