O domínio europeu no Mundial de Clubes
A Liga dos Campeões, a mais prestigiada competição de clubes do futebol europeu, distribuiu cerca de 2000 milhões de euros pelos participantes na época 2023/24. Em contraste, a Taça dos Libertadores da América, a principal competição sul-americana, entregou apenas 214 milhões aos seus clubes. Esta diferença abismal de receitas ilustra a posição dominante do futebol europeu no panorama global.
O vencedor da Liga dos Campeões pode faturar até 114 milhões de euros, enquanto o campeão da Libertadores de 2024 vai receber apenas 31 milhões. Esta disparidade de prémios reflete-se também no Mundial de Clubes, onde os representantes europeus têm conquistado 11 das 17 edições, com o Real Madrid, Bayern Munique, Barcelona, Chelsea, Liverpool e Manchester City a partilharem os troféus.
A posição de Flamengo e Palmeiras no ranking de clubes mais valiosos
Segundo o site Transfermarkt, os gigantes brasileiros Flamengo e Palmeiras ocupam a 59.ª e 60.ª posição, respetivamente, entre os clubes mais valiosos do mundo. Estes dois clubes sul-americanos encontram-se entalados entre os franceses de meio da tabela Nice (58.º) e Rennes (61.º), evidenciando a distância que separa o futebol sul-americano do europeu em termos de poderio económico.
«É a ditadura do capital», lamenta-se no Brasil, onde esta desigualdade é constantemente citada para demonstrar a luta desigual entre as duas regiões. «Uma injustiça», queixam-se as adeptos locais, que sentem na pele o fosso entre as receitas das duas competições continentais.
A perspetiva argentina: o domínio do Flamengo na Libertadores
Juan Sebastián Verón, presidente do Estudiantes de La Plata, comentou numa rede social, com emojis de sorrisos provavelmente amarelos, a notícia dos quase 16 milhões de euros ganhos pelo Flamengo com o triunfo na Copa do Brasil sobre o Atlético. «Aqui [na Argentina] entre o Torneio dos Campeões do Mundo e a Copa da Argentina não dá nem para cobrir os autocarros dos adeptos... mas o clube pertence aos sócios», escreveu La Brujita, um arrebatado defensor das Sociedades Anónimas Desportivas no seu país.
Ou seja, da mesma forma que os brasileiros (e demais sul-americanos) se sentem impotentes para lutar contra o poder do capital europeu ilustrado no tal "undecacampeonato", os argentinos (e demais sul-americanos) sentem-se impotentes para lutar contra o poder do capital brasileiro ilustrado no seu "hexacampeonato" na Libertadores, a contar já com 2024.