O ex-treinador do FC Porto destaca a relevância da componente mental no sucesso de uma equipa
Sérgio Conceição, que deixou o comando técnico do FC Porto no final da época passada, realçou a importância do aspeto emocional dos jogadores e de uma equipa. O técnico sublinhou a necessidade de um treinador se rodear de pessoas capazes de ajudar nesta vertente, para além do treino propriamente dito.
Um treinador «duro, exigente» que valoriza a saúde mental
«No futebol, eu fui o primeiro treinador a meter alguém que podia ajudar a nível emocional. No SC Braga, tive a oportunidade de o fazer, porque achava que era uma mais-valia», começou por afirmar Conceição, no podcast Bitaites D'Ouro. O antigo técnico do FC Porto reconhece que «nem toda a gente tem a força mental de superar as dificuldades» e que, por isso, é importante «dar algo mais às equipas».
Conceição é conhecido por ser um treinador «duro, exigente», mas garante que se preocupa com a «qualidade de jogo da equipa, organização» e também com a componente mental. «Depois no plano mental? É que eu sou bruto a treinar, duro, exigente. Eu achava importante dar algo mais às equipas», reforçou.
O «jogador Sérgio» e a relação com a esposa
O antigo jogador da seleção portuguesa recordou o seu percurso como futebolista, admitindo que não gostaria de ter um jogador com o seu perfil. «Fernando Santos apanhou-me como jogador já em fim de carreira, com 33 ou 34 anos e diz-me que fui o jogador mais ranhoso que apanhou. De todos. Eu como treinador não gostava de ter um jogador Sérgio. É para ser sincero», confessou.
Conceição revelou ainda que, após as derrotas, tinha dificuldade em lidar com a esposa. «Desde miúdo que tenho uma grande vontade de vencer na vida, a minha mulher é completamente diferente de mim porque é muito tranquila de caráter. Soube ser esse equilíbrio. Quando eu perdia um jogo, durante dois dias era impossível falar comigo. Hoje temos um casamento muito sólido, mas não foi nada fácil lidar comigo», partilhou.
Uma ausência da seleção que marcou o treinador
O ex-treinador do FC Porto recordou ainda a sua ausência da seleção portuguesa nos Jogos Olímpicos. «Nesse sentido eu tinha o meu grau de ignorância um bocadinho elevado. Estava no Felgueiras, não fui convocado para os Jogos Olímpicos e fiquei dois dias na cama, não quis ver ninguém, sem comer sem nada. Vivia muito a minha profissão, tinha muita vontade de conquistar e de honrar o sacrifício da minha família para que jogasse», concluiu.