A abertura dos Jogos Olímpicos de Paris 2024 foi uma festa de glamour e bom gosto, como se esperava da capital francesa. Realizada fora do tradicional estádio olímpico, a cerimónia percorreu seis quilómetros pelas águas do Sena, num cenário deslumbrante que procurou transmitir a imagem de um "novo romantismo futurista" para a cidade.
No entanto, por trás desta espetacularidade, subsiste uma inquietação pela época de confronto e ameaça mundial que o mundo atravessa. Apesar dos apelos do Papa e das declarações do movimento olímpico, não existem tréguas em conflitos como Gaza e Ucrânia. A tensão entre as grandes potências mundiais, incluindo EUA, Rússia e China, assume proporções críticas.
Segurança reforçada
Esta realidade global reflete-se na atenção especial dada à segurança dos Jogos. Mais de 45 mil polícias executam um plano único de controlo, com todo o espaço aéreo francês fechado durante a cerimónia de abertura e locais emblemáticos da cidade sob vigilância diária.
O presidente do comité organizador, Tony Estanguet, lembra que os Jogos Olímpicos são, acima de tudo, a festa dos atletas que neles competem - 10.500 atletas de todo o mundo aos quais deve ser dado o direito ao sonho e à realização das suas proezas desportivas. No entanto, ao longo do último século, os Jogos ganharam um estatuto único e universal, tornando-se numa força que os "senhores do mundo" não puderam deixar de usar e manipular.
Olimpismo comprometido
Não foi, aliás, muito corajosa a resistência oferecida pelo movimento olímpico. A ideia fundamental da autonomia do olimpismo ficou definitivamente comprometida numa teia de cumplicidades e de negócios reluzentes., afirma o articulista.
Mesmo assim, sabendo que o lado mais puro e romântico dos Jogos Olímpicos não conseguiu resistir ao duro materialismo dos interesses, a verdade é que os Jogos continuam a ser o maior espetáculo do mundo. E é isso que, sem perdermos a consciência da realidade, temos o dever e o direito de celebrar.
Clubes portugueses progridem na Europa
Entretanto, no panorama do futebol português, o SC Braga e o Vitória de Guimarães conseguiram vitórias nos seus jogos de abertura da época europeia, um feito louvável que demonstra a necessidade de afirmação internacional dos clubes portugueses. No entanto, Portugal vive um dilema sem solução: quanto mais representantes consegue na Europa, mais longe fica do topo europeu.
Por fim, o artigo aborda o discurso político nos Estados Unidos, com o ex-presidente Donald Trump a acusar publicamente a vice-presidente Kamala Harris de ser "uma louca esquerdista radical". Trata-se de um discurso que, embora possa parecer apenas denunciar medo na perspetiva europeia, é na realidade uma estratégia imbatível de mentira que Trump sabe ser eficaz junto do seu eleitorado.