Os incidentes ocorreram no último domingo durante a visita do Vitória de Guimarães ao Estádio do Bessa, no jogo da 25ª jornada da Liga. Na parte final da primeira parte, o guarda-redes e capitão do Vitória, Bruno Varela, saiu momentaneamente da sua área depois de, alegadamente, ter sido alvo de insultos racistas provenientes das bancadas.

O internacional cabo-verdiano dirigiu-se ao banco do Boavista, onde esteve em diálogo com o treinador Lito Vidigal. Vários jogadores e membros das equipas técnicas de ambos os clubes apoiaram Varela neste momento. Após alguns minutos, o guardião acabou por regressar à baliza e o jogo prosseguiu.

Reagindo a este episódio, Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), condenou veementemente os alegados insultos racistas. "É inaceitável que continuemos a ter no principal escalão do nosso futebol episódios degradantes como este, que mancham o espetáculo e a integridade da competição. Não podemos aceitar a banalização do insulto e comportamentos racistas ou discriminatórios, seja de quem for. Tolerância zero, recordando que, além de ser um ato hediondo, o racismo é crime", afirmou Evangelista, deixando uma mensagem de apoio a Bruno Varela.

A Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto (APCVD) também reagiu prontamente, anunciando a instauração de um processo contraordenacional para apurar os factos relacionados com os alegados insultos racistas ao guarda-redes do Vitória.

O treinador do Vitória de Guimarães, Luís Freire, também comentou o incidente, defendendo que, apesar de ainda não ter tido oportunidade de esclarecer totalmente o que se passou, este tipo de situações deve ser "sempre evitado". Já Lito Vidigal, técnico do Boavista, revelou que na altura conversou com Varela, dizendo que lhe daria a sua opinião sobre o sucedido no final do jogo.

Este episódio surge poucos dias depois de o Sindicato dos Jogadores ter condenado os insultos racistas dirigidos a Evanilson, jogador do FC Porto, num jogo da Taça da Liga. Infelizmente, a problemática do racismo parece continuar a persistir no futebol português, apesar dos reiterados apelos à tolerância zero e ao combate firme a este tipo de comportamentos.