Numa entrevista concedida ao programa italiano Radio TV Serie A, o novo treinador do Boavista, Cristiano Bacci, abordou diversos temas relacionados com o clube, desde os impedimentos de inscrição de jogadores até às ambições da equipa para a temporada.
Bacci, de 49 anos, regressou a Portugal esta época depois de uma passagem pelo Olhanense, e assume agora o comando técnico de um Boavista que enfrenta dificuldades devido a problemas financeiros do passado. «O Boavista não está a atravessar um momento muito feliz da sua história, porque tem uma proibição da FIFA, o que significa que tem de respeitar as regras de fair play financeiro. Infelizmente, é o resultado de épocas passadas com problemas», lamentou o treinador italiano.
A grandeza do Boavista
Apesar dos desafios, Bacci não deixou de enaltecer a história e a importância do Boavista no futebol português. «O Boavista é um dos clubes mais importantes, um dos mais antigos e respeitados em Portugal. Depois dos três mais importantes, é aquele que ganhou o campeonato há menos tempo, e jogou durante muitos anos na Europa.»
O técnico transalpino, que já passou por países como a Grécia e a Arábia Saudita, afirma que gosta de viver em Portugal. «Eu já ando por cá há alguns anos, não só em Portugal, já estive em alguns outros sítios do mundo. Em Portugal vive-se bem, a vida é calma, as pessoas são serenas.»
Objetivos para a temporada
Para esta época, o objetivo das panteras é claro, como explicou Bacci: «É importante colocar o nosso cunho pessoal nas equipas que treinamos. O objetivo é alcançar a manutenção na Liga o mais rapidamente possível. É claro que, até janeiro, que é a altura em que haverá a possibilidade de contratar jogadores, é preciso manter a firmeza, porque estamos a jogar com muitos jovens vindos da formação.»
O treinador italiano reconhece que o início de época não foi fácil, com duas derrotas em jogos "muito difíceis", mas salienta que a equipa também fez "dois bons jogos" e conseguiu uma vitória e um empate nos jogos "um pouco mais acessíveis".
Bozeník, Onyemaechi e Vukotic
O plantel do Boavista conta com três jogadores internacionais - Bozeník, Bruno Onyemaechi e Vukotic -, que tiveram interesse de outros clubes no mercado de transferências. «Sim, temos três jogadores internacionais, que tiveram muita procura no mercado, mas as transferências acabaram por não se concretizar», revelou Bacci.
O técnico está satisfeito por ter mantido Bozeník, considerado «um jogador muito bom, ainda jovem, com muita margem de progressão», que chegou a ser alvo de interesse de clubes italianos como o Verona, o Lecce e o Génova. «Estou contente que fique, mas claramente teria sido uma mais-valia financeira para o Boavista e, se calhar, teríamos conseguido desbloquear esta situação de mercado, porque, infelizmente, se não vendermos, não podemos comprar», lamentou.
Nehuén Pérez no FC Porto
Cristiano Bacci trabalhou com Nehuén Pérez na Udinese e ficou satisfeito com a transferência do defesa central para o FC Porto nos últimos dias do mercado de transferências. «Estou feliz pelo Nehuén Pérez, estou convencido de que para ele é a solução certa», afirmou.
Rivalidades do Boavista
Por fim, o técnico italiano traçou uma comparação entre as rivalidades do Boavista e as de dois clubes italianos. «A rivalidade é maior com o Vitória de Guimarães. São dois clubes históricos com a mesma alma, a mesma identidade. Aqui os adeptos do Boavista são como os do Torino e do Génova, duas equipas que lutam e sofrem. São duas equipas com vitórias semelhantes às do Boavista, por isso há muita rivalidade. O FC Porto está um degrau acima, do ponto de vista técnico. É um dérbi, mas é visto de uma forma diferente», concluiu Bacci.