Rui Costa, presidente do Benfica, enfrenta um momento delicado. Será constituído arguido no âmbito de uma investigação que incide sobre a transferência do defesa argentino Germán Conti para o Lokomotiv Moscovo. As suspeitas recaem sobre um pagamento de 76 mil euros efetuado pelo clube russo ao Benfica, um valor que as autoridades acreditam poder violar as sanções europeias impostas a entidades ligadas à Rússia, na sequência da invasão da Ucrânia.
O caso tem gerado grande atenção no mundo do futebol português, com implicações potencialmente sérias para o clube e para o seu presidente.
Detalhes do Pagamento e Suspeitas
O valor em questão está relacionado com uma percentagem dos direitos económicos do jogador que o Benfica ainda detinha. Essa percentagem foi automaticamente transferida quando o Lokomotiv vendeu o jogador a um terceiro clube, numa altura em que as sanções já estavam em vigor. Este mecanismo automático de transferência é o ponto central da investigação, com as autoridades a quererem apurar se houve conhecimento prévio ou intenção de contornar as sanções.
O Benfica, em comunicado oficial, garantiu ter recusado o pagamento de 70 mil euros proveniente do clube russo, após o Ministério Público ter bloqueado a operação. O clube alega que a transferência foi validada pelo sistema TMS da FIFA e que, assim que tomou conhecimento da interpretação do Ministério Público, cessou os efeitos do contrato e recusou receber qualquer valor.
Posição do Benfica e Possíveis Implicações Legais
O clube sublinha que nem o clube, nem a instituição financeira envolvida identificaram qualquer anomalia na operação e que Rui Costa não tinha conhecimento nem responsabilidade sobre o pagamento. O Benfica recorda também que o adiamento do interrogatório de Rui Costa, inicialmente marcado para julho, se deveu à coincidência de datas com a apresentação do plantel e a reunião do Plenário dos Órgãos Sociais, estando agora a aguardar novo agendamento por parte das autoridades.
A defesa da SAD do Benfica adianta que o pagamento se refere à primeira tranche da dívida que o Lokomotiv teria devido à transferência do defesa-central argentino, que as águias contrataram ao Cólon, no verão de 2018, a troco de 3,5 milhões de euros. Segundo a legislação em vigor, a violação das medidas restritivas internacionais pode ser punida com pena de prisão de um a cinco anos. Em caso de negligência, a lei estabelece uma multa de até 600 dias.