A política de contratações do Benfica está sob escrutínio, com Jorge Ribeiro, ex-futebolista do clube, a apelar a uma reflexão urgente. O investimento colossal de quase 500 milhões de euros ao longo das últimas seis temporadas contrastou com a conquista de apenas um título da I Liga. A falta de sucesso no campeonato, considerado o principal objetivo, levanta questões sérias sobre a gestão dos recursos e a eficácia das contratações.
Jorge Ribeiro não poupou nas críticas, salientando que, apesar de o Benfica contratar bons jogadores, os valores envolvidos são astronómicos. Segundo ele, ““São dois anos [sucessivos] sem ganhar nada no campeonato, que é o objetivo principal. Tem de se fazer uma reflexão na direção, até porque acho que o Benfica contrata bons jogadores, mas por valores astronómicos. Falamos de muitos milhões de euros e o clube não tem conseguido dar títulos aos adeptos””
.
Rendimento dos Jogadores e Momentos Decisivos
A análise de Ribeiro focou-se no rendimento aquém das expectativas de jogadores adquiridos por valores elevados. Ele defendeu que quem custa ““bom dinheiro””
tem de ““dar [rendimento], principalmente nos momentos decisivos””
. Embora não quisesse individualizar, o caso de Orkun Kökçü foi mencionado como exemplo de um jogador que não se destacou em jogos cruciais, algo inaceitável para quem foi contratado por um valor considerável num clube com a ambição do Benfica.
Para Ribeiro, ““Um jogador que custa aquele dinheiro tem de fazer a diferença nos momentos decisivos em clubes grandes para arrebatar troféus, mas isso não aconteceu””
. Este é um ponto crucial na sua crítica à política de contratações do clube da Luz, que parece não ter conseguido capitalizar o investimento em sucesso desportivo.
O Jejum de Títulos e o Regresso de Bruno Lage
Apesar da conquista da Taça da Liga e da presença nos oitavos de final da Liga dos Campeões, a segunda posição na I Liga e a consequente falha no acesso direto à Champions na próxima época são vistos como um insucesso. Ribeiro recordou a história rica do Benfica, recordista em títulos, sublinhando que o clube atravessa um período de jejum. Para ele, o Benfica precisa de uma ““mudança na altura e foi buscar um técnico que conhecia o clube e a sua estrutura””
, referindo-se ao regresso de Bruno Lage.
O regresso de Lage é visto com esperança, dada a sua experiência e sucesso anterior. No entanto, a pressão é grande, especialmente com a final da Taça de Portugal contra o Sporting. Ribeiro é claro: ““tem de ganhar a Taça de Portugal, senão é uma época menos conseguida””
. Este reencontro na final, 29 anos depois da última vez, adiciona um peso histórico e emocional à partida.
A Visão Alternativa de António Salvador
A questão da mentalidade e do investimento no futebol português foi alargada por António Salvador, presidente do Sp. Braga. Ele apresentou uma visão alternativa, defendo que ““o Braga nunca vai ser campeão pelo investimento””
. Salvador acredita que é possível alcançar o sucesso sem orçamentos exorbitantes, focando-se na ““retenção dos melhores jogadores””
, na criação de uma ““marca, uma imagem e uma mudança de mentalidade cá dentro””
.
O presidente do Braga exemplificou com casos de clubes que foram campeões sem grandes investimentos, como o Leicester City, Nápoles, entre outros, reforçando a sua tese de que a mudança de mentalidade e a união são fundamentais. Segundo Salvador, ““Se acreditarmos todos, estaremos mais perto de ganhar. E, obviamente, com algum investimento mais que vamos fazer, com a retenção de mais talento durante mais anos na equipa, com esta mudança de mentalidade e com a força dos nossos adeptos, das instituições, da cidade, da região, acredito que poderemos e que vamos chegar a um título de campeão nacional””
. Esta perspetiva oferece um contraste interessante com a abordagem do Benfica e a crítica de Jorge Ribeiro.